Pode procurar em qualquer lugar...loja de artigos de colecionador, e-bay, sites de curiosidades e em nenhum destes você vai conseguir encontrar um relógio cujos ponteiros girem em sentido contrário. É sério.
Claro, é uma trivialidade falar ou sequer pensar em algo tão inútil quanto um relógio defeituoso... Mas nem por curiosidade alguém faria um relógio assim? Seria um artigo pelo qual muitos pagariam uma soma considerável.
Eu me lembrei de quando era criança e num dia, movido por curiosidade e atendendo um impulso, desmontei um despertador, um daqueles modelos antigos e infernais que anunciavam o nascer de um novo dia com uma algazarra que rivalizava a do galos. Não consegui reconstruir (o que me custou uma bela surra. Eram tempos rudes aqueles...), mas do modo que o montei, deu-me a impressão (ou talvez seja uma falsa memória provocada por um desejo meu) de que os ponteiros efetivamente começaram a girar em sentido inverso.
Se pararmos para pensar, vamos concluir que essa coisa que chamamos de tempo existe apenas nos instrumentos que usamos para marcar os instantes que incidem entre as nossas batidas cardíacas e entre o nascimento e morte de estrelas. Dá no mesmo. Sem um relógio, mesmo alguém que possua uma mente prodigiosa, só vai conseguir ter noção de tempo através dos ciclos da natureza, o que é também exterior a nossa mente. E se uma coisa implacável como o tempo pode ser enclausurado num instrumento rudimentar como um relógio, um produto efêmero de efêmeras mãos humanas, então não seria maravilhoso imaginar um relógio que girasse os ponteiros em sentido inverso e fizesse-o voltar no tempo? Não seria magnífico poder usar o mesmo instrumento que nos diz quando devemos acordar, levantar, comer, dormir, viver e morrer, para voltar o tempo a quem sabe um bom momento, ou mesmo congelar-nos nele como em um quadro, uma tapeçaria milenar, onde seriamos sempre jovens, sempre uma promessa a se cumprir...?
E mais, se o mesmo instrumento que marca a passagem linear do tempo pudesse fazê-lo retroceder, seria divino poder consertar o inconsertavel...Reparar erros, propiciar (finalmente!) encontros que não se deram, colher no ar palavras que foram e não deviam ter sido ditas ou libertar no mesmo ar aquelas que deixamos presas. Um homem poderia visitar a si mesmo em sua infância e ser seu próprio pai. Poderia se reinventar e ser mil possibilidade dentro de uma vida, em vez de ser uma vida dentre mil possibilidade. Devaneios de um fim de domingo onde uma “depressão pós-fantástico” se avizinha e uma semana linear, dentro de um tempo linear se inicia.
O fluxo do tempo controla nossas vidas e ele é inexorável...É claro que o fato de um relógio correr ao contrário não trará de volta o brilho a cores desbotadas pela ausência daqueles que nos eram caros...Mas se o tempo existe fora da mente, dentro ou fora dos relógios, a mente não reconhece aquilo que é alheio a ela e se permite vagar em direção ao passado e ao futuro e colher flores em jardins abandonados ou que ainda não foram cultivados... Isso é a memória...Isso é esperança
"É tão estranho
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.
Quando eu lhe dizia:
"- Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"- Eu gosto de você também."
Só que você foi embora cedo demais
Eu continuo aqui,
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer.
Vai com os anjos! vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.
É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais
E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.
Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.
Os bons morrem jovens
Assim parece ser
Quando me lembro de você
Que acabou indo embora
Cedo demais.
Quando eu lhe dizia:
"- Me apaixono todo dia
E é sempre a pessoa errada."
Você sorriu e disse:
"- Eu gosto de você também."
Só que você foi embora cedo demais
Eu continuo aqui,
Com meu trabalho e meus amigos
E me lembro de você em dias assim
Um dia de chuva, um dia de sol
E o que sinto não sei dizer.
Vai com os anjos! vai em paz.
Era assim todo dia de tarde
A descoberta da amizade
Até a próxima vez.
É tão estranho
Os bons morrem antes
Me lembro de você
E de tanta gente que se foi
Cedo demais
E cedo demais
Eu aprendi a ter tudo o que sempre quis
Só não aprendi a perder
E eu, que tive um começo feliz
Do resto não sei dizer.
Lembro das tardes que passamos juntos
Não é sempre mais eu sei
Que você está bem agora
Só que este ano
O verão acabou
Cedo demais.
(Legião Urbana)
A Vida é um ciclo...
ResponderExcluirAcho que isso sim é o relógio da vida!!
Parabéns pelas escritas!!
Beijos na sua Alma