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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Uns minutos de silêncio...


...e então você começa a compreender o pensamento dos supervilões clássicos e aquele desejo de destruir o mundo e reconstruí-lo ao seu modo torna-se bastante atraente. Você meio que se delicia com o pensamento desse planeta ardendo, e depois que tudo silenciar, você pegaria uma pá, removeria o entulho e olharia para o céu, ciente de que tudo está como deveria. São sete e vinte da manhã e eu estou me deliciando agora é com um inesperado silêncio na minha vizinhança que parece que jamais tem um minuto de silêncio.

A gente que mora por aqui é odiosa! Solta foguete por qualquer motivo, por velório ou gol do seu time de futebol, em dias santos ou por puro tédio; e escuta funk e breganejo no ultimo volume por qualquer motivo desses ou por nenhum, mas escuta, estuprando os ouvidos alheios com essa droga!

Ontem foi véspera de natal e esse bairro horroroso que não tem nem de longe o charme de uma Las Vegas, mas igualmente nunca dorme, parece ter finalmente silenciado um pouco e, ou algum demônio camarada ouviu minhas súplicas e matou todo mundo num raio de kilômetros, ou então estão todos em coma, entupidos de comida gordurosa (churrasco, pernil, chester e porcarias semelhantes),emborcados em uma ressaca daquelas, porque, papagaiadas de "espirito natalino" a parte, tudo parece motivo para se entupir de bebidas e derivativos (por velório ou gol do seu time de futebol, em dias santos ou por puro tédio).

(E se você estiver pensando "se ele odeia tanto a sua vizinhança, por que diabos não se muda?", eu digo, dê-me a chave do seu apartamento de cobertura no Belvedere cara, e eu me mudo imediatamente! Mas essa vizinhança me apetece, porque a odeio e a humanidade é coisa que eu odeio amar, mas amo odiar! Cada qual com seu vício!)

De repente descubro que não sei o que fazer com esse silêncio que se instala e, como uma criança que come um doce bem devagar para que dure mais, teclo devagar nesse teclado e ouço o silêncio. Tenho um minuto para parar de me manter na superfície das coisas do mundo que amaçam me afogar se eu parar de nadar e venho aqui dividir sei-lá-o-quê com sei-la-quem, porque sinceramente? Quem lê blogs hoje em dia?
Quem lê qualquer coisa que não sejam linhas curtas de whatsapp?

Mas-que-merda!
Algum cretino pelo jeito não bebeu o bastante e acabou de ligar o som às 7:38 da manhã!

Durou pouco e eu fiquei desanimado de continuar a escrever.

Que vontade de morrer...Só espero que o diabo seja mesmo o pai do rock e que não toquem funk no inferno...

Vou ali, tentar me manter na superfície dessas coisas que odeio e me consolar com o pensamento de que não sou eterno e uma hora dessas eu morro e deixo pra trás esse planeta, que não posso destruir por mais que o queira e nem reconstruir ao meu modo.

Uma hora dessas vem lá um ataque cardíaco, um crime passional ou não, câncer, falência múltipla dos órgãos ou um raio de um deus me punindo pelas minhas heresias  e eu morro...

Mas numa praia solitária ou na boca de um tubarão. De jeito nenhum afogado nesse mar de lixo psicológico chamado "vida comunal"


Fonte da imagem: http://canaltech.com.br/

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Vamos conversar...




...e para finalizar uma conversa que ainda nem começamos, eu lhe asseguro que a luta do fanático é mais válida do que a do soldado relutante, ainda que eu pense que a justeza ou não da luta travada nada tenha a ver com sua validade...

domingo, 6 de setembro de 2015

Saudações do futuro pretérito!


Meu caro Luiz

Este que te escrevo sou tu.

Saudações do futuro.

Hás de perdoar-me o modo sofrível como te escrevo, mas já vão muitos verões que não sou tu, de sorte que, receio, a linguagem dos dias tais é por demais diferente destes teus tempos verdes. lembro-me de que tinhas cáries e esperanças, mas não como escrevias ou falavas nesses anos idos. Sê indulgente para  com meus erros de concordância e demais pecados ortográficos, pois já carregas consigo nestes dias meus, uma quota considerável de pecados e o acréscimo de mais estes pouca diferença farão a uma alma cansarregada de pecados. Orgulha-te, pois o neologismo é teu!

Há dois fatos curiosos acerca desta carta, a saber, o fato de eu escrever a mim mesmo nos dias da minha meninice e o fato de alguém em pleno século vinte e um ainda escrever cartas. Sou, pois, um dinossauro!

Saudações meu rapaz, do ano 2015! 
Descortino-te o futuro.

Sim. É correta a tua decepção. Nostradamus, tal como os da sua honrada estirpe de profetas, errou e cá estamos nós, ansiosos e esperançosos de que o mundo acabe, ele porém, teima em permanecer eternamente moribundo. Cá ainda estamos.

Fosse eu um sujeito esperto, enviar-te-ia números da bolsa de valores ou resultados de loterias, mas bem sabes que não sou esperto. 

És agora um jovem tolo. Converter-te-ás em um velho tolo.

Escrevo-te como um exercício de inutilidade, posto que essa carta sequer sairá do meu computador, quanto mais adentrar a consciência minha aos 15 e poucos anos, época em que eu tinha um apreço especial pela minha consciência.

Mas todos os exercícios feitos atualmente, são inúteis, pelo que posso escrever a mim mesmo na flor do meu tempo e fingir, no processo, que sou uma pessoa extraordinária.

Já não temes a morte, a vida porém, te apavora.

A esperança quase acabou e também a honra, por outro lado, ainda temos petróleo e música ruim, mas a união soviética já não existe.

Tu que estás ojerizado com a Lambada, recomendo que a cultue como o mais fino produto cultural de nosso país, porque os ritmos musicais que a sucederão, não me acreditarias se os contasse.

De mesma forma, ama as sílfides luminosas por quem te apaixonas em teu tempo e bebe lhes o frescor do espirito, a vaidade e a beleza enquanto podes, porque hão de converter-se em matronas grotescas, com o corpo cheios de excessos e estrias e a alma cheia de ressentimento e desânimo e tu, tu as desprezarás, não pelas estrias, excessos e amarguras, nem pela beleza e frescor perdidos, mas pelo desânimo de pensarem que não podem ser coisas melhores (ah, a Daniela gosta de ti, seu tolo! Deixa de lado a irmã dela e ama quem te ama. Por um tempo conveniente).

Os homens a quem admiras não terão sorte melhor e decepcionar-te-á saber que o destino não é destino, mas escolha e todos, tu inclusive e em grande medida, escolhemos a mediocridade por preguiça, porque é de um trabalho considerável ter fé em coisas reais e na grandeza humana.

O comunismo fracassou.
O capitalismo também, mas ainda não se tomou consciência disso.
O romantismo se tornou coisa abjeta e te envergonharás de todos os poemas de amor que vieres a criar (cria-os, ainda assim!)

O bom cinema faleceu e acompanhou-o à cova a boa literatura, com raras e felizes exceções.

Torna-te vegetariano, não uses suspensórios quando a moda surgir nos fins dos anos 90 (terás razões de grande amargura por isso), não roubes biscoitos na padaria do senhor Mohamed (serás pego e te envergonharás pelos próximos trinta anos).

Continua honrado, justo e paciente, mas reserva a maior parte de tais virtudes para usar contigo próprio. Tempos haverão em que precisarás muito de tais recursos e não esgote tais pérolas com os porcos quotidianos.

Exercita-te pelo menos duas vezes por semana (apenas uma conservou-te magro, porém inflexível no corpo e no espirito).

Leia Freud antes da faculdade.

Não leias Honoré de Balzac, repudia “O Pequeno príncipe” como literatura atroz e despede-te dos deuses em que tens fé titubeante, pois não tarda descobrirás vazios os altares em que depositas tuas preces nunca ouvidas.

Nietzsche, a quem conhecerás e amarás, tinha razão e em tempos esses em que vives a angustia de 2015, Deus morreu como referência e tornou-se vestimenta retórica que as pessoas vestem e despem segundo a conveniência.

Isso não chegará a dar polimento ao teu ateísmo, mas o entristecerá, não a morte de um deus em que não crês, mas a da sinceridade daqueles que dizem crê-lo.  

O Ubermensch, no entanto, ainda não apareceu e estamos vivendo um período de letárgica involução, não para a curiosidade latente do cro-magnon e nem para o vigor robusto do neandertal, mas para aquele antropoide gordo e satisfeito que seríamos sem os dentes de sabre e Era Glacial a matar nos, e já não temos o que nos inspire a sermos melhores.

Sai de casa antes dos vinte.
Sai do país antes dos trinta.
Encontra a Liege (é importante! Saberás quem ela é e quem tu és ao encontrá-la!)
Encontra uma raison d'etre.

Não jogues foras teus escritos por impaciência. Não dês a moeda de 50 soles à Renata (é de ouro de verdade!  Será de grande valia para ti e ademais, Renata não quererá o ouro do teu amor mas tem amor ao ouro da tua moeda).

Pára de desprezar o dinheiro, mas não o ames e sabes isso: Humildade não é virtude, mas meio e meios de manterem-te dócil, imaginando te inferior aos outros.

E ao fim desta carta em que esgotei toda a minha metafisica acumulada em meses de preguiça, saúdo-te, meu Luiz pueril e nobre. E lastimo não ter que lhe enviar deste lado de cá de Nárnia, em que tudo está cinzento e vazio, coisa melhor do que o desamparo filho de uma era perdida.

Consola-te porem, com a consciência de que nãos és culpado (afinal, não podes mesmo ser culpado por tudo!) e alivia-te com esse pensamento, porque o mundo anda às cegas no escuro a beira de inacreditáveis abismos, mas descobrir-te-á otimista.

Inacreditavelmente otimista, pois a despeito da decadência nossa como povo, como indivíduos continuamos brilhantes.

Todo progresso começa com um indivíduo.

Não te torne, pois, povo.

Saudoso de tua meninice,
Tu



domingo, 16 de agosto de 2015

terça-feira, 30 de junho de 2015

Para o meu palato enjoado de coisas doces


Pode ser apenas falta de vontade ou um excesso de inspiração que me vem novamente em atropelo...
Mas essa musica...
Me preenche de uma angustia contraditoriamente alegre e eu procuro um pedaço de sol nesse cinza todo de BH, onde eu possa degustá-la com vagar...

11:06 horas de uma terça-feira em que tudo parece desimportante...

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Inércia



A terra deu umas voltas em torno de si, desde a ultima vez em que me senti confortável para escrever o que quer que seja, e meu estômago deu voltas em número idêntico quando por fim me atrevi a sair da minha letargia moral. 

Mas depois de passado um tempo razoável numa posição só, até o mais preguiçoso dos sujeitos vai querer se mexer, mesmo que seja apenas para eliminar as cãibras resultantes de se estar no conforto da inércia por tempo demais...

Eu escrevi um monte nas ultimas horas...

Lixo...
Apenas lixo. 
Entusiasmante, sincero e ainda assim, lixo..

Reconheço o monte de tralha que escrevo quando releio e percebo que lá vou eu, tentando, tateando, ensejando escrever sobre coisas que não compreendo. Isso é fácil notar pelo tom abjetamente humilde com que eu me desculpo linha a linha, pela minha incapacidade de entender aquilo sobre o que tento escrever. 

Escrever sobre as mulheres, sobre o amor, sobre o sexo, sobre a vida, sobre a morte, sobre a necessidade de se crer, escrever, entender...

Burrice pouca é bobagem, Luiz.


Você realmente necessita de atestar tão frequentemente a sua tolice?


O problema se dá justamente por ser sempre mais atraente escrever sobre o que não entendo do que sobre o que entendo penso entender.

Mas o suposto do meu entendimento sobre as coisas já não me conforta o suficiente para que eu suporte as cãibras quieto no meu canto.

Algumas vezes remexo em problemas  antigos, apenas para evitar o impulso a novos problemas, porque o bolor e mofo se acumularam por aqui de tal forma, que já até os sinto como uma coberta quentinha a proteger-me contra o inverno da alma e do frio-outono-cinza-miserável que igualmente cobre essa BH por entre as gerais...





quarta-feira, 11 de março de 2015

O que Partilhar quando nada se tem além do desejo de partilhar...

Por semanas a fio tenho raspado o fundo do caldeirão de idéias a cata de algo que valha a pena compartilhar com o mundo.
Como se o "mundo" me lesse...(Oh vaidade! Dona Modéstia mandou lembranças!)

Por "mundo", leia-se um pequeno grupo de pessoas que me honra com alguns minutos de seu tempo e que gastam outro par destes minutos torcendo os neurônios enquanto os olhos escorregam pela confusão minha de cada dia.
Pra falar a verdade, eu me daria por bastante satisfeito se ao menos uma pessoa me lesse, mas que me lesse com a sensação de familiaridade com que leio algumas pessoas...

Só uma andorinha e eu teria o verão e outono e primavera e todos os invernos do céu.

Me ocorreu (eu ia escrever "ocorreu-me", mas já me disseram que tenho de vencer minha tendência à proclisação - e ao neologismo também, pelo jeito - ) postar umas poesias que forjei em tempos róseos, em momento de febre uns anos atrás e que postei num blog perdido na memória.
Tenho numa gaveta um montante razoável de versos atordoados...

O problema foi o calor que me subiu ao rosto ao lê-las e me lembrar dos sentimentos que mas motivaram o parto e dos quais eu sinto certo constrangimento ao lembrar...
Olha a minha infância de sentimentos me acenando ali da esquina!
É um saco ser a síntese de um menino medroso e um velho preocupado, quando o assunto são as coisas do coração.

Vou deixar essas "poesias" marinar um pouco mais numa gaveta antes de me atrever a olhar de novo o meu ridículo.
Até por que, cartas de amor não seriam ridículas se não fossem cartas de amor...
Ou o inverso disso, não sei dizer no que pensava o poeta...

Preciso envelhecer.
E preciso envelhecer logo!

Então, meus caros leitores incautos e amigos invisíveis, como não tenho o que partilhar hoje, além da minha perplexidade, me permitam partilhar o sentimento de estar perplexo por ainda ter a capacidade de estar perplexo.

São 16:49 agora

domingo, 1 de março de 2015

Da minha preguiça de escrever e do que a motiva....

Peguei a caneta e uns papeis amassados e amarelecidos. O amarelo do papel mais o fato de a caneta ser uma bico de pena me deram a falsa impressão de que eu, tal qual os grandes literários a quem admiro, seria possuído por sei lá qual das musas caprichosas e engendraria algo fabuloso e digno de ser lido e de que me orgulharia...

Mas eu teclo há muito tempo e os músculos da mão desacostumados, logo se cansaram e eu abandonei neste momento de desalento as minhas pretensões de nada pretender...
É mais ou menos assim; você passa um período qualquer numa letargia literária e se vê na obrigação de fazer algo relevante, reinventar a roda e re-re-redescobrir uma América de significados.

Fiquei com preguiça de escrever e essa foi a desculpa que dei a mim mesmo para fingir que eu não estava com vergonha do conhecimento de que eu escrevo para ser reconhecido por alguém que como eu seja “da Tribo”.

Lastimo não ter de, tal qual um Odisseu moderno, passado uma vida sem encontrar e a procura destes que como eu estão conectados a essa coisa sem nome, esse sentimento de EU e de existência.

Infelizmente para mim, eu os encontrei. E assim como não posso dar nome ao que nos liga sem tornar o que nos liga algo que efetivamente não é (dar-lhe nome), também não posso com segurança descrever a sensação de decepção e pesar, por ver que a Tribo não quer ser a tribo.

O anseio por qualquer coisa é um mau juízo de toda forma e não é incomum no afã do maravilhar-se com alguém, se agigantar anões e ver montanhas onde só há colinas.
Pior ainda é ver tigres ronronando como a gatos e leões se autocastrarem para serem adulados como poodles...

Há o mundo que-se-reconhece-como-O-real e nele nós não temos lugar, a não ser o lugar ermo dos mau-ditos (ou mal ditos ou malditos mesmo) e das incompreensões. Mas a Tribo, ainda que não se reúna como tal e nem crie nenhum estatuto, estabelece por instinto os meios de como se imiscuir num mundo que não a quer; e o meio é não querer ser o que se é.

Talvez você conheça o tipo de pessoa que nega o que é e foge do que é, como o diabo foge  do diabo caso se veja ao espelho.  É mais ou menos como aquele homossexual não assumido que se por acaso encontra em ocasião social um que é assumido, evita-lhe ou mesmo o hostiliza por receio de que este olhando-o nos olhos o reconheça como um igual e reconhecendo o denuncie de alguma forma e de alguma forma ele perca o “greencard” para o mundo dos “normais”.


Em certos países, o recurso do greencard pode ser obtido, caso se case com um nativo ou de outra forma, abjure da sua cidadania e cultura anteriores. Você seria, pois, aceito, assimilado.

Não há lugar nesse mundo estranho para gente estranha, então, assimile-se.
Você não casa na tribo. Você não comercia, você não frequenta e nem é frequentado pela tribo e caso alguém se assuma como Anacrônico, há sempre o recurso de evitar-lhe amavelmente e amavelmente evitar o que poderiam ser em associação um com o outro.

Melhor casar, comerciar e viver com um a quem subreptilicamente se considera como um “normal” (seja lá que diabos isso signifique) e tentar, através desse vínculo fingir mais um pouco que não se está fingindo e fugindo de quem é você.

A vida inautêntica mata, crianças.

Tire a vírgula da frase anterior e você lerá não um aviso, mas uma verdade amarga...

A Tribo está em extinção porque merece ser extinta, porque um povo, um ser que não acredita no próprio direito de ser o que se é e de existir e que procura pelos meios de se autoanular em troca das migalhas da aceitação alheia cheia de condicionantes, não merece mesmo existir.

Não sei direito por que e o porquê faço ou deixo de fazer algumas coisas, mas o interesse em saber, penso, me distingue da manada.  

É um pensamento vaidoso, mas a vaidade é um recurso legitimo para se manter a autoestima e os motivos afiados, em tempos  de vazio e banalidades em que tudo o mais parece fraquejar e sumir a sua volta.


Ainda não tenho respostas, mas tampouco me cansei de fazer as perguntas...
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