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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

O Elixir e a Pedra



“Vais arder...
E eu serei a mirra.


Uma vez em um sonho alguém me havia dito que "a beleza real de uma consciência desperta, é que em pequeno espaço dela podem caber muitas estrelas."

Houve época em que eu podia facultar ter ilusões de que poderia atribuir significado a tudo e a nada. 
Era esse o meu modo de abrir uma consciência em universo sonâmbulo.


Até que aconteceu.

Senti isso aflorar como algo que buscou passagem por um longo tempo, passando por caminhos estreitos e labirintos, cavando, fluindo por brechas e fendas na pesada armadura da razão, até vir à luz da percepção.

É daquelas coisas, que despencam nos sentidos, preenchendo espaços até então dotados de um vazio ignorado, causando reações de violentos ciúmes em toda a sua lógica, porque a razão luta com unhas e dentes para se apropriar desse território estrangeiro. 
Esse, em que sentimos um estremecimento, um reconhecimento de algo que escapa à explicação racional.

Nada nesse universo é como você espera, a não ser, talvez, a decepção advinda da expectativa.
Preso a esse dogma, um dia parei de esperar e quando o fiz, aquilo que não mais esperava veio.

Eu olhava para aquilo a que não pude dar nome, com a certeza (eu que nunca tenho certeza de nada) de que era exatamente como deveria ser e isso por si só já deveria causar um estranhamento...

Mas aquela certeza pulsava na minha mão como um coração em chamas, e crepitava à minha volta como uma translúcida neblina flamejante.

Tal qual um primeiro homem reverente ante o primeiro fogo, observei, e, no entanto, esse era um fogo que não queimava ao toque, que não servia para servir, que não espantava o terror da noite.

Era uma chama que ardia sem consumir lenha, um sol que sempre iluminaria o vazio, uma estrela que nunca cairia do céu. Espantava o terror do terror.

Fiquei atado à sina fatal dessa ambiguidade, pois Sempre e Nunca jamais deram as mãos em qualquer definição que eu pudesse dar a um grande mistério ou a um devaneio. 

Mas lá estava ela, a Definição, algo que não necessitava de palavras, mas de sentidos e ainda assim, estou inerte, sem versos, tentando determinar o que não se pode trancafiar no arcabouço limitado da linguagem...


E ainda que certo receio antigo e enraizado (nas mesmas profundezas de onde me veio aquilo de que estou certo) insista para que eu deambule em incertezas, um vácuo de calma fatalista se apossa de mim e eu, que nunca consegui silenciar as vozes da mente, me encontro final e magicamente em transe...

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Deuses, Diabos e Sapatos de Camurça


Uma vez  após outra você me prometeu amor.
Adoração.
Agora que você finalmente encontrou, o que vem a seguir?
A seguir? A seguir vem a morte.
E depois?
Depois? Depois você queima!

Deus e o diabo bebiam tranquilamente naquele barzinho lá da rua Claudio Manoel.
Tenho certeza de que eram eles! Quero dizer, é esquisito falar em certeza quando se trata de Deus ou do Diabo. Ainda mais para um Ateu relutante até em desacreditar de tudo como eu.

Era de manhã bem cedo.
Sei lá como ninguém parecia perceber os dois ali.
Deve ser porque ninguém estava procurando por eles (daí talvez se permitirem uma folga na sua rivalidade e procurarem um boteco underground para relaxar e tomar uma bebida). Ou então e porque com frequência quem procura algo dificilmente encontra, mesmo aquilo estando perto (como o caso da caneta que você procura e acaba constatando constrangido que a porcaria estava atrás da sua orelha o tempo todo).

Bem, eu certamente não estava à procura deles. Gente inteligente evita a sombra de deuses e diabos e eu quero realmente crer que não sou um completo estúpido, apesar de rotineiramente fornecer a mim mesmo provas em contrário.

O que eu procurava era um lugar para me abrigar da chuva, porque o mundo inundava e eu na pressa de sair de casa, esqueci botas e bom senso e calhei de sair de sapatos de camurça. Coisa ridícula a se fazer em tempo de chuva (ou em qualquer tempo, pensei agora olhando com desgosto para meus sapatos).

A caminho do trabalho há esse bar decadente, mas que serve ótimo café.  Como já estava lá, resolvi pagar a minha estadia consumindo ao menos um copo de uma porcaria qualquer que fingi beber no espaço de tempo em que lá estive. Refrigerante, já que estava a caminho do trabalho, mas soubesse o que estava para se suceder, teria pedido vodca, rum ou whisky ou mesmo cachaça! Sob risco de perder o trabalho!

Quando aquelas pessoas passaram por mim, senti o mesmo que se sente ao ficar perto de um dínamo ou caixa de som. Arrepiei pelos do corpo que nem mesmo sabia que tinha. E olhando para eles não tive dúvidas sobre quem ou o que eram, o que me fez ficar um tanto surpreso com a aparente amistosidade entre ambos quanto a escolha do lugar onde foram ter seu happy hour.
E às sete da manhã!!

Pensando bem, acho que só gente mortal pensa haver algum mérito em tomar um drink caro em uma boate chique de algum lugar elegante, mas se você for um dos jogadores cósmicos da vida humana, acho que tanto faz champanhe em Milão ou cachaça em uma birosca em Itacaxeroca.

Passei ao exame de ambos...

Conversavam como bons camaradas, contavam alguma coisa que os divertia. Talvez alguma fofoca sobre deuses ou demônios.
Vai saber sobre o que conversam demiurgos...!

Notei que Deus tomava um líquido dourado e translúcido e que por mais que ele bebesse daquele copo, este nunca ficava vazio. Ninguém o servia e ainda assim seu copo estava sempre cheio.

Já o Diabo era servido por um pobre garçom que no tempo em que enchia o copo daquela coisa, envelhecia a olhos vistos e suava, transpirava, como se estivesse carregando pedras. E não importava o que derramasse naquele copo, o líquido se transmutava em cor carmesim, que o Diabo levava aos lábios igualmente rubros e perfeitamente delineados. E como bebia aquele demônio! O pai e mãe de todo o alcoolismo, sem dúvidas!

Deus era um velho barbudo que se você olhasse direito parecia tomar todo o ambiente e não apenas ocupar uma cadeira. Tinha aquele ar de magnata, de gente muito rica que está habituada a receber todo tipo de deferência. Acho que ele notou que eu o observava, mas aparentemente não se importou. Tinha olhos bondosos, tenho que reconhecer, mas era aquela bondade um tanto tola que você vê nos olhos de crianças cujos pais não ensinaram a não serem imediatamente simpáticos com estranhos.

A pele formigava ao olhar para ele e eu senti aquela sensação de queda iminente, um frio no estômago como quando se está diante de uma cachoeira imponente ou olhando a beira de um abismo.
A voz dele, como seria de se esperar, parecia-se a um trovão ribombando, e ele ria alto deixando a mostra perfeitos dentes madrepérola. Instintivamente passei a língua sobre a ruína que trago por detrás dos lábios um tanto invejoso. O plano odontológico dele era, aparentemente, melhor que o meu.  Juro que não sei dizer que roupa ele vestia, se é que vestia alguma, porque quando se olha na direção daquilo, a única coisa que se pode ver é o rosto que inspira bondade e pavor.

Receoso das implicações de ficar encarando Deus, passei a observar o Diabo.

Devia ter continuado a olhar pra Deus!
O Diabo era uma coisa andrógena e um tanto...Reptiliana. Parecia uma mulher bem bonita (acho que seria um homem bonito, caso eu fosse de outro gênero), mas uma beleza que assustava porque vinha carregada de ameaça.  Se movia de modo gracioso e mortal, parecendo uma cobra ou um chicote e tal como uma cobra, sua voz era um sussurro e sibilava alguma indiscrição divertida nos ouvidos de Deus, ao que este ria alto dando tapas no joelho.

E o cheiro que o Diabo exalava é algo difícil de descrever. Uma coisa doce e putrefata. Um odor animalesco...Cio e festim de alguma fera que acasalava ou matava e aquilo apavorava e atraia, como se eu me descobrisse repentinamente dentro da toca de uma ursa... Não era bem isso. Como eu disse, difícil de descrever...
Mas sei que aquele cheiro horroroso mas viciante me entrou violento pelas narinas e involuntariamente me fez ter uma dolorosa e constrangedora ereção e também uma vontade profunda de vomitar.

Irritado e nauseado, engoli mais um pouco do que quer que eu estivesse bebendo, lutando para não colocar pra fora o frugal café da manhã que havia tomado. Nunca pensei que o diabo pudesse ser tão odioso!

Achei revoltante o modo como conversavam como se fossem comadres velhas.
O mundo lá fora perdido, necessitando de salvação e de tentação e eles ali, indolentes em uma manhã de quinta-feira, em boteco decadente como se nada lhes dissesse respeito.
Isso e mais o incômodo físico provocado pela presença deles fez olhar com hostilidade para ambos quando saíram.
Deus me sorriu amistoso e complacente. O Diabo mandou um beijinho todo coquete, carregado de deboche e promessas. Sumiram na chuva...

Fiquei na dúvida, depois que saíram. Talvez fossem apenas um velho rico conversando amigavelmente com um rapazola (ou moça) em manhã de chuva.
Quero dizer, tinha mais gente lá no bar e ninguém parecia notar aquelas figuras extravagantes ou o impacto que causavam no ambiente.
Estava quase duvidando do meu juízo, afinal, eu sou um ateísta. Que sei de deuses e diabos para reconhecer quaisquer deles?
Mas olhando em derredor, encontrei cumplicidade e apoio nos olhos de uma garota de piercing que parecia tão atordoada quanto eu.
-Você reparou naqueles dois? – Perguntei como se fosse evidente de quem falava. A garota, no entanto, pareceu acompanhar meus pensamentos.

-Claro que vi! Inacreditável, né? Por essas e outras é que sou atéia!!

terça-feira, 21 de novembro de 2017

O Abismo por Detrás do Vazio



Finalmente chove...
O ar está impregnado de umidade, as sarjetas estão quase suportáveis, o frio obriga todos a se abrigarem e um silêncio pesado se instala no mundo, quebrado sutilmente pelo gotejar leve das folhas das árvores encharcadas nas pedras e calçadas...

É realmente um tempo lindo...

Nem mesmo os cães barulhentos dos meus vizinhos parecem dispostos a fazerem a costumeira algazarra.

Partidário da época de chuva, sou quase levado a crer que mesmo as taxas de criminalidade diminuem em tempos assim, em que tudo parece se recolher e as noites parecem mais longas que os dias....

Queria apenas estar de férias, sem tv ou internet, sem telefones ou compromissos, esquecido de tudo que não fosse o cair hipnotizante da água do céu, no qual eu poderia passar os dias com a mente longe, perdido em lugares inacessíveis.
De repente me sinto imobilizado e de tal forma apaixonado por essa letargia, que me obrigo a levantar de rente a janela e ir fazer qualquer coisa.

Qualquer inutilidade que me tire desse transe pelo qual tanto ansiei enquanto pondero se meu desejo de morte se tornou agudo de tal forma que quase tenho de me lembrar de respirar...

Não, não é melancolia e nem depressão.
Se fosse isso eu saberia reconhecer e haveria certo aconchego nessas condições, porque são coisas reconhecíveis e mesmo a presença de monstros, quando familiares, são reconfortantes, porque há nisso um quê de reconhecimento.

Não é tristeza que me faz nutrir esses pensamentos lúgubres, mas uma paixão estranha pelo que se avizinha, um sentimento de término que assusta porque está permeado tanto de iminência quanto de incerteza...

Fazem algumas horas desde que comi alguma coisa. A cabeça e os motivos giram e me sinto subitamente divino. 

Hipoglicemia e solidão são sempre fontes excelentes de ilusões de transcendência...

Um enlevo súbito, um sentimento de me estender ao infinito, enquanto silenciosamente desmorono para dentro, caindo entre os cacos do que até segundos atrás foram sentimentos de grandiosidade...
(mas não tem nada nessa geladeira que não esteja vencido ou com “gosto de geladeira”?)
...
Psicodellias... 
Meu blog surreal...
Um voo no meu desamparo e na minha perplexidade por estar existindo.
Estou aqui há quase oito anos agora e leio em retrospecto tudo o que já lancei no ar da net e, em coisas antigas, por entre os bytes dessa tela encontrei motivos de me sentir orgulhoso.

Sem contar o que escrevi muito antes, em outros lugares e que em minha infantilidade deletei sem cópias, coisas e sentimentos dos quais eu quis me divorciar e no processo não percebi que joguei muito de mim fora...

Lastimo, mas releio o que ficou.

Vejo a maneira como procurei me ocupar do meu universo íntimo, desbravando ao longo dos anos o grande mistério de mim mesmo e percebo a discrepância que fica entre o que sou por dentro (como coisa real, ainda que tudo seja sonho) e meu Eu menor, com o qual me movo neste mundo.

Porque ainda que me veja muitas vezes transcendente, pateticamente profético e que me arvore em poesias e trovas - com as quais assassino a estética e a língua - não ouso mentir a mim mesmo em toda instância e tenho de reconhecer que no mundo ordinário e vulgar, por entre gente ordinária e vulgar, sou igualmente ordinário e vulgar, com desejos e aspirações ordinárias e vulgares.

Um deus tentando controlar os gastos do cartão de crédito...

Ainda está chovendo e vai chover o dia todo.

Chove, está frio e eu aprecio o contraste entre o frio e o calor da caneca de sopa nos meus dedos e que aos poucos espanta o frio das minhas veias... Gosto do contraste de tudo, na verdade, porque no contraste podem bem se confundir o que é pano de fundo do que é tema, a ribalta e a plateia, a personagem e o enredo e por fim, creio que tudo é mais real quanto mais se distingue daquilo que o cerca...

Sentei-me de novo e deliciei-me com a chuva.
Tento gravar na memória a mágica do constante cair da água, porque tempos de seca devem se sobrepor a essa primavera. Me sinto tal qual essa chuva, sem forma e em queda, vazio como minha casa, perdido e preguiçoso demais para fazer esforço de me encontrar.  
Olho para o vazio (o vazio olha de volta) e para o abismo além dele sem temor.


Já sei que por preguiça ou por excesso de dignidade, jamais me ocorrerá atirar-me em seus profundos. Posso, no entanto, ter em perspectiva que um monstro qualquer se chateie o bastante para achar que valha o esforço de ele subir à tona e me arrastar para o fundo.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

Uma chuva que não vem...


Dir-se-ia ter eu seiva nas veias, pois outubro agoniza e eu anseio o desabar do céu em chuva, para me tirar desse estupor e me lançar em outro...
Uma chuva que não vem...

Onde foram o negro céu, a tempestade majestosa e o uivo furioso do vento de outubro?
Algo floresce mais do que plantas, nesses dias em que costumo desabar pra dentro de mim enquanto olho pela janela o mundo inteiro se recolher fugindo da chuva.

Uma chuva que não vem...

O sol impera absoluto no céu e impossibilitado de fazer meus voos labirínticos pra dentro, olho pra fora, pro leste, pra brisa fresca dessa tarde quente, soprando, balançando a copa das árvores com a suavidade de um balançar de cabelos e penso no que eu não queria pensar.

Penso no tempo e no que ele levou e trouxe...
Em tanta coisa que foi e não foi dita e não pensada e não vivida e nessas encruzilhadas todas onde é certo, assombram os espectros das direções que não tomei.
Faço balancetes silenciosos e uma sensação de frio, no calor dessa tarde, percorre minha espinha e eu anseio pela chuva...

Uma chuva que não vem...

Mas me vêm essa inquietação teimosa, fruto de lembranças a que o tempo já deveria ter esmaecido, e orbita sobre minha cabeça em trajetória elíptica .

Algures, em ermo que só deus sabe, alguém olha pro tempo e anseia também e eu penso se é fatal essa sina de estar sempre se sentindo alheio.

E não obstante a carência de fé nos gestos e nos motivos, escrevo como em um ritual e deixo rastros, migalhas de pão a indicar o caminho de casa...

Talvez na esperança de que mesmo na chuva ou na falta dela, não se percam nem o caminho e nem aqueles que estão destinados a percorrê-lo...


segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Os Whashaii e Meu Interesse por Física Quântica


No século IX antes de cristo, em um lugar ermo, próximo de onde é hoje a Polinésia, existia uma tribo peculiar, os Whashaii (pronunciá-se "uuuaaakaii-e"), que em em sua linguá nativa significava "aqueles que caçam o sol".

Essa tribo, dentre seus muitos costumes peculiares, tinha uma forma de culto que envolvia a escolha de um ser humano para encarnar seu deus-menino, Huakthalah. 

Huakthalah era um deus-menino eternamente com 17 anos e como era necessário manter seu deus tanto ao alcance das orações quanto dos dedos, os Whashaii, que consideravam absurdo simbolizar em matéria morta um deus vivo, escolhiam uma vez a cada ano, um dos seus filhos com essa idade para encarnar seu deus.

Ao garoto que cabia essa honra eram atribuídos todos os benefícios da divindade, a saber, um templo, acólitos para o servirem, adoração, tratamento especial dado pelos acólitos que em tudo atendiam o deus-menino no que este necessitasse ou em seus caprichos mínimos.
Homens vinham em busca de seu conselho para a pesca e para a caça, agricultores o consultavam sobre a ocasião propícia para o plantio e a colheita, mulheres vinham acasalar com o deus menino como garantia de que seriam sempre férteis e que seus filhos seriam fortes.

O menino que fosse escolhido para por um ano ser o avatar do deus Huakthalah, recebia tudo o que seu coração desejasse, enquanto era a encarnação do deus e esse tratamento tinha um motivo:
Era uma compensação, porque ao término do ano solar dos Whashaii (que era de 383 dias), o deus menino completava a maioridade e necessitava ser substituído.

O problema, era que não havia um plano de aposentadoria para deuses depostos e ocorre que Huakthalah era o deus da fertilidade, da virilidade e da mudança, então, quando terminava seu ciclo de 383 dias como um deus, o garoto era levado, em uma grande cerimônia que envolvia a tribo inteira (com exceção dos garotos com menos de 18 anos), até a beira do mar.

Ali era castrado (e seus testículos e pênis eram depois cremados e as cinzas bebidas junto com vinho de banana por todos os homens) e morto com golpes de um remo cerimonial na nuca.

Os guerreiros levavam o corpo do deus morto até o mar, onde o entregavam às ondas.

Naquela noite havia uma grande festa na tribo e os homens dançavam em volta da fogueira, orgias aconteciam na luz das labaredas e nas cabanas, amedrontados os meninos de 16 pra 17 anos suavam de pavor, porque no dia seguinte, um deles seria um deus.

Se você procurar referências sobre os Whashaii e seus deus-menino Huakthalah no Google, não irá encontrar por dois motivos:

O primeiro é que a tribo é do século IX antes de cristo e não foi catalogada e se o foi, estava decadente, recebeu outro nome e nada se soube sobre seus costumes e seu deus.

O segundo e principal motivo, invalida o primeiro motivo e tudo o que foi dito até agora é o seguinte: Eu inventei essa história toda!

Nunca existiram Whashaii e menos ainda Hukthalah.

Inventei essa potocada em uma conversa divertida com uma namorada.
Foi mais ou menos assim. Eu estava fazendo graça e me gabando, daí ela:

(...)
-Que você pensa que é? Um deus?
...
-Que foi?
-Nada...
-Fala logo!
-Tá bom, mas prometa que não vai me interromper enquanto falo...
-Ai ai.. tá, fala,

-Eu não sou um deus, mas já fui um, em uma encarnação passada... Foi assim, no século IX antes de cristo..."

E lá me vieram na hora os Whashaii e Huakthalah na cabeça.
E dei tantos detalhes na coisa, que ela depois custou a acreditar que inventei tudo.
Foi só pra ter uma conversa interessante e diverti-la com o suposto da minha megalomania, porque eu nem acredito em reencarnação, mas em uma vida anterior teria sido um deus...

Semanas depois assisti a um documentário que falava de física quântica e universos alternativos.
Postulavam lá que cada vez que você escolhe seguir um caminho, cria-se outro universo, um em que você tomou o caminho que não escolheu neste.
E isso faz toda a diferença.
Claro, estou fazendo uma interpretação rasteira de uma teoria que mal compreendo.
Ainda estou tentando entender a teoria quântica e também o sedutor trabalho de Robert Lanza, mas se ele estivere certo e a consciência criar o universo (e não o oposto, como estamos acostumados a pensar), é possível que eu tenha criado um universo à parte, apenas por pensar nele - embora não seja esta a afirmação do Biocentrismo ou da física quântica, mas inferência minha- (deixa eu devanear, pô!), um em que centenas de meninos serão sumariamente emasculados e mortos. 
Condenei essa gente toda a uma morte cruel, só para distrair minha namorada.

É possível que algum palerma em universo anterior, tenha ferrado a nós todos, contando-nos como história para alguém, por um motivo ainda mais fútil...
E a gente chamando o cara de Criador...
Putz!

Por outro lado, de certa forma, é reconfortante pensar que em algum universo as coisas que deram errado para mim neste tenham dado certo.
Em algum desses universos aí, pode ser que eu esteja vivendo, livre do peso de tantas culpas carrego neste.
Todas as escolhas que eu não fiz e pelas quais lamento, é possível que não estjam mortas.
Se Lanza estiver certo (tomara que esteja) é possível que nada morra!

Claro, há, seguindo essa linha de raciocínio, universos em que estou pior, ou em que nem estou, mas ainda assim, consola meu coração pensar que no infinito ha universos em que eu tenha na alma a calma que não consegui neste e em outros eu tenha finalmente consumido o mundo em chamas e  destruído tudo, como frequentemente desejo fazer neste.

E me perdoem Lanza e os teóricos quânticos (cujos trabalhos mal comecei a conhecer e pelos quais sou fascinado), mas o genial Álvaro de Campos/Fernando Pessoa já no comecinho do século vinte esboçava os conceitos sobre os quais agora se debruçam.

Pois se vocês lerem as linhas abaixo e tiverem como eu um conhecimento mínimo sobre a teoria de universos alternativos da física quântica, compreenderam as similaridades. Leiam, porque eu vou dar um tempinho aqui e tentar consertar a lambança que fiz no universo dosWhashaii.
Não que eu me sinta culpado, é claro. Afinal, fui o deus deles. É minha prerrogativa divina ferrar com o universo deles ou consertá-lo, ao meu bel-prazer.

Na noite terrível, substância natural de todas as noites,  
Na noite de insônia, substância natural de todas as minhas noites,  

Relembro, velando em modorra incômoda,  
Relembro o que fiz e o que podia ter feito na vida.  
Relembro, e uma angústia  
Espalha-se por mim todo como um frio do corpo ou um medo.  
O irreparável do meu passado — esse é que é o cadáver!  
Todos os outros cadáveres pode ser que sejam ilusão.  
Todos os mortos pode ser que sejam vivos noutra parte.  
Todos os meus próprios momentos passados pode ser que existam algures,  
Na ilusão do espaço e do tempo,  
Na falsidade do decorrer. 
Mas o que eu não fui, o que eu não fiz, o que nem sequer sonhei;  

O que só agora vejo que deveria ter feito,  
O que só agora claramente vejo que deveria ter sido —  
Isso é que é morto para além de todos os Deuses,  
Isso — e foi afinal o melhor de mim — é que nem os Deuses fazem viver ... 
Se em certa altura  

Tivesse voltado para a esquerda em vez de para a direita;  
Se em certo momento  
Tivesse dito sim em vez de não, ou não em vez de sim;  
Se em certa conversa  
Tivesse tido as frases que só agora, no meio-sono, elaboro —  
Se tudo isso tivesse sido assim,  
Seria outro hoje, e talvez o universo inteiro  
Seria insensivelmente levado a ser outro também. 
Mas não virei para o lado irreparavelmente perdido,  

Não virei nem pensei em virar, e só agora o percebo;  
Mas não disse não ou não disse sim, e só agora vejo o que não disse;  
Mas as frases que faltou dizer nesse momento surgem-me todas,  
Claras, inevitáveis, naturais,  
A conversa fechada concludentemente,  
A matéria toda resolvida...  
Mas só agora o que nunca foi, nem será para trás, me dói. 
O que falhei deveras não tem sperança nenhuma  

Em sistema metafísico nenhum.  
Pode ser que para outro mundo eu possa levar o que sonhei,  
Mas poderei eu levar para outro mundo o que me esqueci de sonhar?  
Esses sim, os sonhos por haver, é que são o cadáver.  
Enterro-o no meu coração para sempre, para todo o tempo, para todos os universos, 
Nesta noite em que não durmo, e o sossego me cerca  

Como uma verdade de que não partilho,  
E lá fora o luar, como a esperança que não tenho, é invisível p'ra mim.




terça-feira, 10 de outubro de 2017

É um convite pra dançar

(...)


Ahahahahahahahahahahaha!!!

Que...De que diabos está rindo afinal?

(De uma coisa que na verdade devia me fazer chorar, mas), porra, você está aí falando da sua preguiça de "amores impossíveis" e de gente que teima em vivê-los e estou pensando em quando vai perceber que ainda não entendeu o óbvio...

Me ilumine, então, ser superior... Não entendi o quê exatamente?


Eh...Simples. TODO AMOR É IMPOSSÍVEL!.

(...)

terça-feira, 26 de setembro de 2017

Expropriado (ou 100 Sonhos)




Nada há o que comungar e nada a partilhar
Entre o Eu e os amplos espaços vazios da minha compreensão.
Há os grandes hiatos abertos 
Em meus ossos quebrados por palavras
Em meu espírito fragmentado por pedras e paus...

Um dia hei – e na ânsia desse dia, já nem como ou durmo senão em sonhos-
De livrar-me desse entorpecimento dos sentidos
Dessa fuga de pensamentos que correm em avalancha
Como se não tivesse crânio a detê-los, mas apenas o céu por teto para o cérebro.
Por certo, deveria perder-me no acaso dos caminhos que aponto
Nas direções que indico, mas nunca tomo, 
Como se a trilha para a minha alma caminhar
Começasse na ponta do meu indicador.
Todos parecem saber, mas eu...Eu não compreendo...

Mas tem uns fantasmas falando com minha voz,
Monólogos maçantes em que debato comigo mesmo e com meus medos.
Pavores absurdos, pueris, pesadelos que já nem assustam tanto
Quanto a consciência da súbita perda da capacidade
De me assustar.

Tem dois abismos doces por detrás de suas pupilas...
Há dois demônios graciosos a espreita nas suas pálpebras...
Há néctar e veneno confundidos na curva dos seus lábios...
E enquanto me corre um rio de água gelada pelo estômago,
Sorrio de volta para o inferno – Para o maravilhoso e encantador inferno!
E penso o que pensa a vidraça ao beijo da pedra:
Isso vai doer!

Devo, em meu devir repleto de reminiscências
Expropriar-me de imaginações e sepultar em baús os devaneios
Não tardará romper o dia e há tributos a serem pagos
A tudo e a todos e a corrida do mundo não toma fôlego.

Sonhos são dinheiro precioso.
Já cá, ando sem moeda alguma que jogar no Arrudas
Em troca de um desejo.
Um único.

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Minha Dialética Tardia...




"A luta entre o velho e o novo, entre o que morre e o que nasce, entre o que é perene e o que evolui...
A luta dos contrários é,pois, o motor de toda a mudança."

Eu pensei que queimaria a mim mesmo na fogueira das minhas vaidades. Nunca soube de lenha mais adequada.

Isso seria um desejo mais realizável do que meu antigo anseio de ser uma lanterna para o mundo. Ou talvez apenas me tenha escapado o fato de que são desejos sinonimizados.

Mas, oh, clichês a parte, a chama ardeu alto, mas por tão pouco tempo que nem chegou a iluminar a mim mesmo ou a noite escura a minha volta. E eu cai de tão alto que já nem havia ossos na casca frágil que se rompeu de encontro as rochas..

De que é que poderia me envaidecer, eu, com a consciência aguda das minhas limitações físicas e metafisicas, estéticas e éticas, morais e acadêmicas e de outras ordens e desordens?

Eu olho para trás e vejo com antipatia e compaixão o garoto que fui há tão perdidos anos e para um pouco a frente, com temor do julgamento do velho que serei.

Paradoxalmente, sou ainda aquele garoto com ideias tão revolucionárias quanto efêmeras e também já aquele ancião repleto de cansaço e nostalgia que está há alguns outonos a frente, no horizonte do meu destino.

Há coisas inconfessáveis, que perturbam o suposto da minha maturidade, em numero similar aos constrangimentos antigos da minha meninice.

O entusiasmo sufocante por coisas que eu julgava tão apagadas em mim como a chama da minha vaidade fenecida me inquieta e tenho de me mexer.

De repente me brotam versos e trovas vindas de algum lugar, inspirada por estrelas em ascensão, quando minha alma já caiu no escuro de algum canto onde o mofo e bolor tirou-lhe o brilho..

Ah, melodrama do diabo!
Me sinto antigo e apaixonado por coisas novas, um dinossauro procurando sua versão .2 em smartphones...
Me sinto ridículo, com uns impulsos que brigam com meu desejo de imobilidade e sou ultrapassado até pela minha letargia.

Um corvo errante berra seu “Never more” e eu passo as horas tentando escrever e dar sentido à sujeira que seu pouso deixou no encosto da minha cadeira e na minha consciência...

Me releio em coisas esquecidas e lembradas, umas com ternura, outras com embaraço e rio de mim mesmo, em gargalhadas sufocadas pelo pensamento de que em alguns anos provavelmente estarei rindo deste Sahge/2017...


Talvez eu esteja mesmo é com receio de que a decadência não seja afinal tão romântica quanto a quer o meu niilismo...

Poema Breve 2


...Vê, o vento sopra, é sinal de que o céu se inquieta.
Observa-o agitar-se  no léu e deleite a sua alma.
Se bafeja nas velas da sua nau, significa que você será levado para lá,
Para os horizontes vermelhos em que deseja ardentemente se perder.

Se em direção contrária -  posto que o vento é belo porque é livre -
Então para aquela modorrenta calmaria sem ondas,
Você dirá adeus ao vento e horizontes prometidos e estará também livre,
Livre como o viajante sem estradas e como o pássaro aconchegado à gaiola
Livre do desejo de se perder.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Mea Culpa Entre Amigos (2, eu acho...)




Tá... Eu desisto.

Preciso estudar, mas minha capacidade de concentração foi pro ar, junto com meus pensamentos que surpreendi a vaguear pelo nada...

Tenho de compartilhar um ponto de vista e me lembro ao fazê-lo de um dito de uma professora minha que “à vista de um ponto, tudo é um ponto de vista”.

Do divórcio então...

Minha ex-esposa pensava que eu sou ateu, que tenho pouco ou nenhum respeito pelos valores da sociedade, que tenho ideias nada ortodoxas, que não faço nenhum sentido, que sou um filho-da-puta que não faz o mínimo esforço pra ser socialmente aceito e que acho que estou sempre certo.

Tudo verdade, é claro. Mas essa não foi exatamente a questão do divórcio. Eu tinha cá comigo as minhas queixas também. 
Afinal ela era humana, não é?

Deixemos minhas queixas de lado, porque do meu lado, não foram minhas queixas, mas minhas ideias.
Porque dentre as minhas ideias loucas está a de que você faz coisas doidas por amor e uma delas é não permitir que alguém que você ama (ou pelo menos, porque nutre algum amor fraterno, como era o caso) permaneça ao seu lado sendo infeliz por esse motivo, ou que alguém use o que chama de “amor” por você, como um tipo de chicote com o qual se auto-inflinge todo tipo de mazela. Daí talvez você tenha de expulsar o passarinho da gaiola (oh, que altruísta que eu sou..) e obriga-lo a voar, porque o carcereiro está tão preso quanto o detento.

Sei lá, mas tem papéis nos quais simplesmente não vou aceitar nunca que me coloquem.

“Criatura, escolha ser livre! Escolha encontrar o melhor de você mesma! ”

Esse tipo de pensamento é assustador, pra maioria, mas eu meio que tinha de ser fiel à minha tendência a queimar e reluzir e reduzir a cinzas as prisões interiores de todos a minha volta, como convém a um bom Sagitariano com ascendente em Áries.

Além do mais, inquietar é preciso, viver não é preciso.

Porra, Sagitário com ascendente em Áries!! 
O que esperam de alguém com dois signos do fogo?!
São os dois signos mais donos da verdade que existem!
Se a gente fode a coisa toda no processo, é mero detalhe, eu acho...
Fogo total nas minhas ideias e nos meus impulsos! Oras, vai lá e pede pro sol brilhar menos ou ser menos quente....

Como podem ver, não era fácil viver comigo. Talvez eu devesse estar feliz, por não ter sido vítima de um crime passional, porque motivos para tanto, talvez eu até tenha dado...

A questão não é essa. Ninguém casa sozinho e ninguém divorcia sozinho. Eu apenas acho que toda história tem dois lados e aqui eu me esforcei, penso, para contar apenas o lado da minha ex-esposa..

Nem era sobre divórcio esse post.

Era sobre como as coisas podem melhorar, se você permitir que melhorem. Há pássaros que amam gaiolas e isso é coisa que não me entra na cabeça. E olha que eu sou a pessoa com idéias doidas!
Idade pode ser uma coisa ótima, caso você não tenha síndrome de Peter Pan, e a bem da verdade, eu tive certamente boas influências externas e internas para operar mudanças necessárias e colocar um pouco de saudável Caos no bolor estagnado que eu chamava de “ordem”.

Uma coisa boa em ser ateísta, é a certeza de que você só dispões de uma vida. Uma única em que que fazer as coisas valerem a pena. Não, não falo de hedonismo, falo de coisas reais, que não se perdem tão fácil quanto um orgasmo ou a sensação boa de comprar algo caro ou obter um deleite frugal.
A vida é boa.

 E eu espero que seja boa pra todo mundo que já cruzou meu caminho, caminhou comigo por um tempo e depois seguiu o próprio (claro, desde que esses queiram que seja, porque se não quiserem, eu não entendo, mas lhes reconheço o direito de se ferrarem. Que se vai fazer...)


Só isso já é motivo o bastante pra sair pro sol...


PS: Acho que avisei que sou um filho-da-puta que acha que está sempre certo, né?

quarta-feira, 28 de junho de 2017

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Escolha a vida...





"Escolha a vida".

"Escolha a vida" era um slogan de uma campanha anti-droga dos anos 80...

Só que nós adicionamos coisas.
Eu diria, por exemplo:

Escolha...

...uma lingerie nova na esperança de reviver
uma relação morta.

Escolha bolsas caras.
Escolha sapatos de salto alto.
Lã, caxemira e seda para sentir que qualquer coisa te faz feliz.

Escolha um iPhone fabricado na China por
uma mulher que pulou de uma janela...

E coloque-o em sua bolsa feita
em uma fábrica que pode pegar fogo a qualquer momento.

Escolha Facebook, Twitter,
Snapchat, Instagram...

... e milhares de outras maneiras ridículas
de expor e oferecer sua vida a estranhos.

Escolha atualizar seu perfil.

Poste uma foto do que você comeu no café da manhã e diga ao mundo o que você vai ter para um almoço na esperança de que alguém se importe.

Olhe perfis de ex-namorados, procure paqueras antigas, desejando de que eles não tenham envelhecido tanto quanto você.

Escolha olhar as fotos de viagem de alguém, mas não olhe ninguém nos olhos...
Escolha postar um vídeo ao vivo de sua primeira masturbação, poste e partilhe tudo, até sua morte.

(Interação humana reduzida
a mera informação.)


Escolha 10 coisas que você não
sabia sobre celebridades.
Escolha ignorar tudo o que você não sabe sobre você...

Escolha gritar e reclamar sobre o barulho.


Escolha ouvir e contar piadas de estupro, racismo, pornografia de
vingança e pedofilia deprimente.

Escolha achar que nunca aconteceu o 11 de setembro e se aconteceu,escolha achar que foi causado pelos judeus.

Escolha um contrato de 10 horas e uma
viagem de 2 horas para o trabalho...

...E o que é pior, escolha a mesma merda para
os seus filhos!

E talvez você venha um dia a pensar que
Fosse melhor nunca ter existido;
E depois talvez possa relaxar e afogar a dor...
com uma dose desconhecida de uma droga desconhecida feita em uma cozinha desconhecida por um desconhecido.

Escolha promessas quebradas.
Escolha arrepende-se  de tudo.
Escolha culpar os outros...

Escolha nunca aprender com seus erros.

Escolha isso para ver a mesma porcaria de história se repetir.

Escolha apegar-se lentamente
à migalha que você pode conseguir em vez de lutar por aquilo
com o que você sonhou.

Escolha contentar-se com menos e com um sorriso no rosto,
escolha a decepção...

Escolha ignorar seus entes queridos, até você ver que, no futuro, um por um, todos desapareceram e quando eles se forem, um pedaço
de você morrerá com eles.

E não haverá nada mais de você que
Poderia te mostrar que você está vivo ou morto.

Escolha o seu futuro,
“Escolha a vida.”


                                                            (Adaptado do roteiro do filme  “Trainspotting2”)
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