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sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

E você...

...até pode pretender saber qualquer coisa sobre o amor. Mas eu ainda acho que feliz era Lili, que não amava ninguém... E J. Pinto Fernandes, que veio por fora da pista e ganhou a corrida.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Obra Maravilhosa de Fernando Esteves Pinto...



Não conheço o teu rosto de prazer, mas deve estar dentro desta frase. 

Queres existir nesta folha do tempo que viaja dentro da minha mente? 
Vou pôr um livro nas tuas mãos enquanto te despes.
Não quero que me ames se pensas que o amor é para sempre. 
Tenho uma idéia da minha vida que nem sequer é verdadeira. 
Uma história de amor.

E se eu te dissesse que amamos sempre pelas razões erradas? 
Os erros eternos fazem grandes histórias de amor. 
Não tenho uma imagem do teu sorriso. 
Não tenho um desenho da tua boca. 
Desejas amar-me em que sentido?

Que tempo queres que exista para se dar o encontro?
Um nevoeiro corporal em tudo o que nos espera. 
Tenho as tuas palavras, mas esvaziei-as da emoção que traziam. 
No fundo és uma luz no desejo de não existires.
 E eu escrevo este tempo perdido no corpo que procuro.
 Se eu deixasse de pensar e escrever, eu sei, tu não sentirias medo.

O espetáculo burlesco que vai à minha cabeça. 
Esta manhã vi teu rosto em todas as mulheres com quem me cruzei na rua.
É uma espécie de escrita em que vou abandonando pequenos pensamentos que não acho interessante. 
No fim fiquei sem nada, mulher nua com um livro a ser lido. 
Tu amas o tempo e eu não vivo no teu tempo.

Tu amas as minhas palavras e eu não sou as palavras que escrevo. 
O amor e a literatura são parecidos na mentira. E é sempre triste não amar alguém porque se tem medo da mentira.

Tenho saudades dos teus dias passados longe da minha vida, é uma verdade. Se isso não chega para se sentir o amor, nunca poderei amar a tua liberdade. 
Mulher no tempo com livro aberto no coração nu. 
Um dia encontrar-te-ei dentro duma frase que fale de amor. 


Fernando Esteves Pinto


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Raciologicando à quinta potência


(...)

... e depois de considerar o quanto pode caber no espaço ocupado por parênteses e três pontos, me convenço finalmente de que a linguagem, contraditoriamente, é talvez o maior entrave à nossa comunicação.

No espaço por entre os parênteses acima, estava um longo monólogo carregado de uma emotividade ridícula que me encheu de auto-desprezo depois de ler o que digitei. Fica pra outra hora, porque acho que já espezirritei-me a mim mesmo em demasia por essa semana (e talvez por toda uma encarnação)...

Penso que é até possível, com os meios adequados e ainda ignorados, ensinar um animal ou vegetal e até um mineral (por que não?) a falar.

Mas um homem, tendo-o aprendido a falar, lamentavelmente jamais aprenderá a calar a maldita boca, enquanto se importar com esses universos caóticos chamados "pessoas" que circundam a sua órbita e meio que parasitam seu parco estoque de auto-amor, mais do que consigo mesmo e com este estoque.

Isso é lastimável, embora não pareça fazer muito sentido.

Mas se posso afirmar (e ainda que eu não pudesse, afirmaria assim mesmo), considero que somos talvez muito afortunados pelo fato de sermos capazes de odiar, tão doida e profundamente quanto amamos.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Anacrônico



Chame a si mesmo do que quiser,  
(até porque, quando te chamas, nunca respondes!)
Nomes são palavras "e os erros são teus"
Mas você é um profeta, 
Quando faz poesia,
Poeta, 
Quando vem anunciar para ouvidos moucos o absurdo das pequenas vilezas dos homens,
Sábio, quando compõe odes a sua ignorância,
Tolo, quando pensa estar pensando que sabe o que pensa sem o saber.

Você pode estar confuso, mas não o bastante para andar sem rumo,
E há tantos caminhos a escolher, que não é difícil se perder por entre escolhas. 

Você é o portador de uma estranha verdade:
  - Estar perdido é o modo de esbarrar consigo mesmo numa esquina qualquer.

E afinal este não é um mundo alucinado?
Você pode ter certezas, mas fatalmente irá desconfiar delas, porque é a sua natureza ir contra a sua natureza de ser contra a sua natureza (e por aí vai...)

Mas isso que você faz,
Isso que você é,
É uma tentativa comovente criança,
De dar a si mesmo o que tão fartamente dá a outros sem receber,
Um meio de amar a si mesmo, ainda que através do amor dos outros,
E de ver a si mesmo, mesmo que com olhos que não te enxergam...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Considerações antes de uma capitulação...

Caso alguém me leve a mal,
Penso e advirto
Que me divirto imenso
Escrevendo isto.
(A rima é proposital)
...

E quem haveria de pensar em tal coisa...?
A verdade, e eu me lembro bem, que fomos meio lubridiados no advento do ano 2000, ano que segundo os afeitos ao apocalipse, o mundo acabaria em fogo e enxofre. “Mil passará, dois não chegará e blá-blá-blá...”
E nós ainda estamos aqui.

Mas, claro, nosso fascínio pela nossa destruição não cede mesmo quando o Armagedon não venha nos próximos cinco minutos, como quer a nossa fé. O mundo não foi pras cucuias. Deus nos decepcionou e não nos mandou fogo dos céus...
Mas continuamos a espera.

O que eu acho engraçado, se é que isso tem graça ou talvez seja uma “dês” (apenas para poupar os olhos e mentes mais sensíveis as sutilezas do nosso vocabulário), é que um dos personagens do fim do mundo já deu as caras há tempos e parece que ninguém se deu conta. Aqui está a parte engraçada: Ficamos todos à espera que a tal “besta do apocalipse” surgisse entre os grandes vultos da humanidade. Uns pensavam que seria um líder político e outros tinham certeza de que seria um guia religioso.
Quem imaginaria que o dito cujo fosse um nerd dos confins de Westchester?

Esqueçam de Lex Luthor, Darth Vader ou o Coringa. O grande supervilão da humanidade é o fundador do facebook, mas diferente destes três primeiros, ele realmente conseguiu “dominar o mundo”.
Hoje em dia ninguém mais existe de fato fora do “face”.
Não há comunicação fora dali.
Ninguém te manda e-mail, carta ou mesmo telefona.
Aquelas fotos de família? “Postei ontem no face.”
O trabalho de faculdade? “Ta no face desde de manhã! Em que mundo você vive?”
“Te deixei um recado no face.” “Eu não te encontro no face?!” “Qual é o seu face?”

Da ultima vez em que acessei o facebook, foi quando das manifestações pelo Brasil no ano passado (ao final das quais mais uma vez perdemos a oportunidade de fazer história em vez de vivê-la) e eu precisava saber onde e quando as pessoas se reuniriam. Foi útil, mas atualmente esse negócio anda mais ou menos como sopa de quartel: cem gramas de carne para quatro litros de água!

O mundo real não existe mais. E é nesse mundo que ainda teimo em viver. O meu denuncismo talvez seja uma teimosia quixotesca, talvez um prazer advindo da rebeldia ou simplesmente uma tendência a andar na direção contrária da multidão. Mas o fato é que ninguém mais “compra ou vende” fora do facebook.

Até então eu tenho me virado razoavelmente bem sem ele, mais o cerco se aperta e acontece que enquanto eu vivo e convivo em sociedade, preciso comerciar. Preciso comprar e preciso vender, logo, tenho de ter a tal marca do face, porque encontro esse logotipo “F” (coincidentemente, a 6ª letra do alfabeto. Número repleto de significados sinistros...)em tudo que é canto. Até em sites governamentais!

“Curta a porcaria da nossa página...”

O meu problema é que tenho preguiça em militar por qualquer coisa. Ficar praguejando contra as tendências da humanidade cansa o espírito já exausto de lutas inúteis, pra não falar que cansa os ouvidos alheios. O virtual superou o real (que já era confuso e duvidoso) e agora, aparentemente não temos mais carne e sangue, a não ser em situações especiais e fomos convertidos em bits e bytes, em álbuns de fotos que nada dizem e postagens sobre banalidades ou tragédias pessoais.


É magnífica a capacidade humana para transformar ferramentas potencialmente úteis em coisas perniciosas e estou pra ver coisa mais nefasta e comprometedora da privacidade do que o tal facebook.
E olha que eu já implicava com o orkut, msn (alguém se lembra?)...
E como o “funk” (outra praga que veio pra ficar) substituiu a lambada, já me arrepio pensando no que vai substituir o “face”.

Quem pode me explicar o porquê de um ser humano tirar uma fotografia de um prato de batatas (engorduradas e aparentemente fritas em óleo muitas vezes utilizado, a julgar pelos fragmentos escuros nas fritas) e postar essa porcaria numa rede social?
E me explica, por favor, os mais de trinta comentários do tipo: “Hum...Tô aí!” “Que delícia!” “Eu queeeeroooo!”, e por aí vai!?

E vai olhando;
a pessoa posta, essencialmente, piadas (que já foram compartilhadas numa centena de outros perfis), fotos suas em poses repetidas (fazendo um bico ridículo ou com os dedos em v e L)  ou em ocasiões que o bom senso diriam ser intimas (pra não dizer constrangedoras), farpas para supostos inimigos(as) (que aparentemente não tem coisa pra fazer além de fuçar o perfil de quem lhe detesta), trechos adocicados de poemas, mensagens religiosas do tipo “Jesus te ama” intercaladas com coisas como “Batom de periguete é superbonder”  e a lista segue.

Lamento, porém, que essa figura não se trate de exceção, mas representa uma grande maioria barulhenta.

Eu juro, nunca vou compreender as pessoas.

Não passa semana em que alguém não me venha dizer que teve um problema qualquer no “face”. É inacreditável, porém, como as pessoas se expõem ali e continuam a se expor não obstante os problemas que por ventura tenham.

Mas eu dizia que preciso comerciar. Preciso comprar e preciso viver e contrariando as minhas esperanças, essa rede social aparentemente veio pra ficar, aliando-se ao telefone celular para se tornar mais uma porcaria de cadeia sem a qual não é possível existir em sociedade e ter ou manter contatos.

Então, é sem constrangimento (até porque dá muito trabalho ficar constrangido) que reconheço que estou em vias de capitular.

Estou bem com isso.
Já fui um sujeito de convicções, até o dia em que percebi que é melhor não estar convencido de nada, porque obstinação é raiz de carvalho em noite de tormenta.

E como não sou um deus e nem um animal, não posso, infelizmente, viver só, daí enfiar o rabo entre as pernas e colocar-me sob o jugo de mais essa cadeia.

Paciência...
Vai ver, são apenas moinhos de vento mesmo...


“Se te é impossível viver só, nasceste escravo”.
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