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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Retrospectiva de um ano em que tudo fluiu (de um modo e de outro)



2014 foi um ano...Igualzinho aos anteriores e diferente de todos os demais.

Fiz um pequeno balanço, coisa inútil, tanto quanto aquelas resoluções de ano novo que a gente nunca segue, mas eu meio que desenvolvi o gosto nada saudável de polir e dar brilho à minha perplexidade...

Comecei o ano enrolado na incompreensão de alguns paradoxos cotidianos  e o que era um simples novelo nas patas de um gatinho metafísico, agora no momentos em que dezembro agoniza é uma bola emaranhada de não-entendi do tamanho do Himalaia.

Conheci o que é essa tão falada “felicidade” e me deliciei e me desesperei por compreender o quão facilmente isso nos pode ser tirado.

Também confirmei  aquela impressão antiga (e que me extasiou quando percebi que não era percepção exclusiva minha) que tudo o que se ama é permeado de uma angustia dolorosa, porque tudo o que se ama está na iminência da perda.

Fiquei atordoado ao perceber que as pessoas gostam de mim pelos meus defeitos e me detestam pelas minhas qualidades.

Também parei de brigar com certas idéias apenas porque me eram antipáticas e aprendi a melhor ouvir o inimigo para melhor combatê-lo ou celebrar a paz, se for o caso.

Deixei de lado a estética e parei de repudiar o escatológico, mas ainda tento manter as unhas e pensamentos razoavelmente limpos.

Quebrei promessas (especialmente as de não fazer promessas), mas felizmente nenhum osso do corpo e citando o “Sábio” Falcão, caí em contradição, mas não do oitavo andar.

Passei o ano inteiro em constante mudança para tentar permanecer como sou, briguei para consolidar uma identidade, nadei contra a maré e me afoguei (mas eu pensei e ainda penso que foi a coisa certa a fazer). Fui jogando pela janela ou deixei que por lá se atirassem os amigos de ocasião, o social, o noblesse oblige, o politicamente correto.

Namorei, casei e me divorciei de algumas idéias e reatei com outras, entendi que relações, infeliz ou felizmente, são como iogurte:têm prazo de validade.
Arrependi-me de algumas coisas, mas teimei e as fiz novamente e tenciono continuar a fazê-las em 2015, porque eu me permitirei ser minimamente estúpido.

Aprendi que as pessoas não são feitas de manteiga e espantosamente não morrem caso se lhes fale uma verdade amarga ou um galanteio grosseiro (com a pessoa certa e no momento apropriado, é claro) e que ser educado não é sinônimo de ser um dândi

Descobri que não é crime falar um ou outro palavrão (e o poder catártico que desse gesto advém) e algumas vezes é até mesmo desejável.

Fui pra guerra levando caneta e papel enquanto os outros levavam metralhadoras, fui de black tie em festas à fantasia e perdi aliados por incapacidade de fingir ser bonzinho e amável e de comungar com a suavidade de alguns pensamentos.

Descobri a preciosa fragilidade do amor e o revigorante e autodestrutivo poder do ódio. E como é importante beber das duas fontes...

Continuo brigando com a minha própria humanidade, mas fiz as pazes com a dos outros...

 E a despeito de todos os calorosos, impensados e superficiais votos que eu e você receberemos no dia de hoje, uma mudança no calendário nada significa se você não operar mudanças em si mesmo.

Então vou te dar um mau conselho (porque os bons não são de graça e eu sei que você não vai me pagar):

Em 2015, você que esfolou a droga dos joelhos subindo montes, tentando sem sucesso alcançar o céu, dê uma chance para a sua humanidade; para de se pensar mais ou menos do que é.

Permita-se o inferno!

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Um pouquinho de raiva para adoçar o dia

Horror a compromissos, como se uma estabilidade qualquer fosse o nome escrito em sangue num contrato nas mãos do Diabo, fugia disso como quem foge da cruz, crescente, estrela de Davi ou adjacências...

Você queria uma reposta pronta?
Queria um sentido e direção e palavras de conforto?
Você queria felicidade (e quem não quer) ?
Pegasse nas postagens divertidas de poucas linhas do facebook, nos vídeos en(des)graçados que atentam contra dignidade humana e que rapidamente contagiam no whatsapp, nas conversas vazias em mesas de bar e meios diálogos ensaiados de meia gente.

Fosse à igreja ouvir o sacerdote, lesse livros de auto-ajuda, conversasse com aquelas pessoas "do bem", que enchem a boca pra falar de "Deus, Pátria, Tradição, Família", ou nos defensores vorazes de boas causas...

Você queria a salvação?
Queria um céu idílico onde poderia entoar Alleluias por megabilhões de anos?
E, contraditoriamente, queria um mundo de prazeres imediatos e facilmente alcançáveis e facilmente perdíveis?
Você querias as cordinhas invisíveis de um supremo titereiro invisível?

Desculpe, mas essas coisas eu não tenho em estoque, porque têm sido amplamente consumidas por esses dias e não são recursos renováveis (e não porque se esgotam, mas porque nunca se renovam em sua antiguidade).

Mas tenho caos em abundância.
Perdição em ampla faixa.
Eu tenho sentimentos de revolta e ódio maravilhosos e desejos de atear fogo no mundo (estão em promoção).
Eu tenho a alegria da queda e o gosto de sangue nos lábios partidos por socos dados em brigas ferozes.
Eu tenho gritos no escuro e solidão e medo e repulsa (dizem que é a ultima moda em algum lugar de Bangladesh e muito popular em Seattle).
Eu tenho vida, valiosa porque se perde em um minuto, e sem promessa de céu ou ameaça do inferno...

Por outro lado, a grama do lado de lá parece mais verde e você pode se sentar nela e ignorar que alguém tem de regá-la e apará-la e adubá-la para que você possa dar descanso à sua ignorância.

Você pode ignorar e pode descansar por muito e por pouco.
Eu prefiro preferir um minuto qualquer de vida genuína.
E no processo, odiar.

Odiar linda e divinamente, como quem está apaixonado...

Feliz Natal...




quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Das Perguntas que ninguém quer (se) fazer...

Por que?
Por que somos quem e o que somos?
Por que fazemos as coisas que fazemos?
Por que aceitamos que o que deveria ser o absurdo se torne o comum, parte da paisagem?
Quando foi que nos dessensibilizamos para o que deveria nos tocar e nos tornamos tão sensíveis ao que deveríamos ser resilientes?

E por que, afinal, toda maldita pergunta tornou-se retórica?

Eu ia justificar umas coisas por aqui e tentar ponderar outras, mas a verdade, é que ninguém está muito a fim de compreender o que quer que seja e a Preguiça de ser e de pensar e de entender ( e também de se explicar) tornou-se a contraditória dinâmica de nossa época...

Ninguém está imune...

Quase todo mundo que conheço ( e para meu espanto, as pessoas a quem mais admiro estão no rol) adquiriu sei -la como e por que motivo, um horror absurdo ao auto-questionamento ou a inquirição de outros. As pessoas fazem e pensam e vivem de uma maneira quase automática, sempre em movimento, quase como se temessem que, caso parassem por um momento, perderiam o equilíbrio e cairiam no abismo por debaixo do arame onde andam precariamente.

Você pergunta a alguém o motivo de o porquê é o que é e faz o que faz e a pessoa é evasiva, não porque não quer responder, mas porque nunca pensou muito sobre o assunto e se por acaso você insiste em perguntar, a pessoa é tomada de um horror absurdo, como se você a estivesse despindo (o que não deixa de ser verdade), ou invadindo ou mexendo com coisas que ela preferia deixar de lado e o que choca, não é porque ela não quer que VOCÊ saiba, mas porque ela tem pavor de que ela mesma venha a saber o que é mais confortável ignorar.

Por mais que o processo seja (aparentemente) doloroso, uma pessoa que não se fascina pelo mistério da própria existência é um mistério que  (aparentemente) não fascina ninguém .

Mas não é difícil entender que, ainda que isso não se revele conscientemente para todo mundo, inconscientemente as pessoas sabem que conhecimento pressupõe responsabilidade e ação; e ninguém conseguem mais ficar no conforto do agir e viver irresponsavelmente tendo descoberto o que a motiva, o que a faz ser quem é.

Daí preferirem se jogar nas coisas...

Vai lá e diz pra elas que o chão é de vidro, que suas vidas não são tão seguras quanto pensam, que aquilo que sustenta seu ego, o amor dos outros e deles próprios é vacilante, que ninguém ama unica e exclusivamente pessoa alguma, que não há perfeição, que não há um Deus que vela, que estão sozinhas e nuas no vazio e que a única coisa que as sustenta é o auto-engodo de pensar que se é o centro do universo...E vão se voltar contra você e te destruir...

Vai dizer a elas que a vida não se resume àquelas sombras projetadas no fundo da caverna e que o caminho que escolheram foi escolhido para elas e que nada é certo, nada é seguro. Vai tirá-las do cantinho quente junto ao fogo e dizer a elas que devem se preparar para os predadores que espreitam lá fora em noite escura.
Pra que perguntar?
É carnaval, é Ano Novo, é Natal!

Paz na terra entre os homens de boa vontade.
Tudo bem, a Terra está aí e não vou nem perguntar cadê a Paz, mas afinal onde está a vontade  e onde estão os homens?


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Uns fragmentos de William Butler Yeats


Aquela moça ensandecida,
Ao acaso forjando a sua música e poesia,
Dançando em meio à praia; a alma  a parte de si mesma,
A subir e descer aonde a moça não sabia;
A esconder em meio ao peso da bruma,
A rótula quebrada,
Eu proclamo essa moça algo de belo e alto,
Ou algo perdido com bravura e de mesmo modo,
Com bravura encontrado.

Pouco importa o ocaso, a tragédia,
Ela envolvia-se em desesperada música,
Ela abraçava-se, afagava-se,
E não se ergueu em triunfo,

Onde os fardos e pesos repousavam,
Som que fosse simples e inteligível,
porém cantou: "Mar esfomeado, ó mar faminto de mar".

No Oriente, ela oculta alegria antes pouco antes de partir pela manhã.
No Ocidente, ele chora no orvalho e anseia pelo passado morto,
O vento Sul está a derramar as rosas de fogo carmesim:
A vaidade da Letargia, a esperança, a ilusão, o infinito livre arbítrio...
Os cavalos da desgraça imergiam no barro pesado.

Amada, aceite estes meus olhos próximos aos teus,
O seu coração batendo,
Sobre o meu coração a bater,
E seu cabelo a cair  macio sobre a densidade do meu espírito.
Afogo do amor perdido na hora da mais profunda sombra,
Ocultam suas crinas golpeando o mundo sob seus cascos de tormenta...


terça-feira, 21 de outubro de 2014

Uma reflexão sobre a minha humanidade...

Eu havia prometido não falar mais de deus ou dos deuses.

Eu já prometi não prometer nada. 
Tem muito que eu já disse que não mais faria e faço e farei (e aqui estou eu, na minha trocentésima postagem quando me vem a memória a promessa de não escrever mais nada).

E tem tanta coisa que eu já me propus a não fazer (ou mesmo sentir) mas eis que me encontro sempre e sempre de volta a velhos hábitos, como um maldito viciado, que sim, me assumo uma pessoa volúvel (desgraçadamente ciente de que o é, para azar meu) e lá vai:
Sobre os deuses...

Religiosos enchem o saco.
Ateus idem e com a mesma virulência.

E eu sou um apóstata de todas as minhas crenças e descrenças e por vezes, defendo com tanta veemência os meus não-pontos de vista, que me irmano a camarilha irritante de gente que teima em impor a sua visão de mundo aos outros. 

Mas como já falei deles e me causam preguiça mortal, quero mais é que se danem. Ou que me permitam danar-me em paz...

Mas hoje tenho de abjurar da crença em um último deus em que eu depositava alguma fé.
E desconstruir outro que eu sequer sabia que recebia culto e reverência.

O primeiro é o deus Diálogo. 
Confesso que o altar deste recebia de mim as mais fervorosas orações e súplicas.  Eu pensava ( e alguma parte quase perdida de mim ainda pensa) que qualquer coisa entre as pessoas poderia e seria resolvida, compreendida, apaziguada, conciliada, sancionada em comum acordo ou de outra forma, que o Diálogo era a ponte que uniria e a marreta a quebrar os muros entre os seres humanos...

Mas a nossa era é uma era de medo do Diálogo, das conversações em poucos caracteres, porque as pessoas não mais falam, por medo de se expor e não ouvem, por receio de não compreender aquele que por ventura se arrisca a mostrar que não é um super-homem e que chora e que ama e que sangra...

O medo e a resultante incapacidade de reflexão e consequente compreensão do outro, matou o deus Diálogo. 

Ainda que haja retórica em contrário, toda a conversa que se tem é campo de batalha para fazer valer a força, não da lógica ou da razão, mas a força da força, trincheiras onde as pessoas que querem parecer fortes se escondem com medo que o outro veja a sua fragilidade.

Homens  de vidro voluntariamente mudos e surdos em armaduras de aço.

O segundo deus a quem tenho de mandar ao limbo sou eu mesmo. 
É sério!

Fui até ontem uma divindade.
Não aos meus próprios olhos, está claro.

Mas aos olhos equivocados de pessoas que cismaram sei lá por que diabos, que eu era um tipo qualquer de Lama iluminado ou um guru espiritualizado. 

Teve gente que teve receio de me falar coisas muito simples, como se eu fosse uma coisa qualquer de pura ou muito santa que não deveria ser conspurcada por linguagem baixa ou assunto chulo.

Mais de uma garota me brindou com o maldito “amor Ágape” (e teve a feliz ideia de me contar essa porcaria, à guisa de fazer-me sentir “especial”), castrando-me, desprovendo-me  de pênis, testosterona e defeitos, me colocando numa droga de altar quando eu queria que me quisessem na cama ou no inferno, que são os lugares em que uma mulher deveria colocar o homem que lhe serve ou não lhe serve.

Mais de um homem tomou-me a bênção ou veio a mim em busca de conselho sobre coisas que eu ignorava (e ainda ignoro) ou buscando perdão por pecados cometidos, não contra mim, mas contra si mesmo, como se eu, pelo suposto da minha “idoneidade moral”, estivesse em posição de dar-lhes a absolvição que eles próprios não se davam.

As pessoas que eu conheço ficam particularmente chocadas quando me posiciono a favor do aborto, do casamento entre pessoas do mesmo sexo, da Auto-eutanásia, da liberdade irrestrita de pensamento ou contra a pena de morte (ééé... Porque "gente santa", em geral, curiosamente é a favor da pena de morte).

Acham absurdo que eu coma carne e não recicle o lixo e pensam que eu fico a vida inteira com a cara enfiada num livro, meditando, em contemplação de sei –lá que universo metafísico, procurando a solução para os grandes males da humanidade enquanto as pessoas reais vivem vidas reais.

Pro inferno com o amor Ágape! Pro inferno com toda a deferência com que me tratam!
Sou um homem, não um clichê de “ser superior”.

Eu sou desse mundo mes amis, ainda que não o compreenda.

Justo eu, o pior ser humano que eu conheço (até porque eu sou o único que realmente conheço, já que está todo mundo entrincheirado e com medo de se mostrar, mas eu não posso esconder de mim o que sou)!

A droga é ter de reconhecer em mea-culpa tardia que, se mais de uma pessoa me viu com esses olhos embevecidos e reverentes, é porque eu, de alguma forma tenho passado essa imagem a meu respeito, a despeito de todos os meus esforços para dizer da minha humanidade.

Daí abjurar do deus diálogo e do suposto da minha divindade.


Daí estar inclinado a viver, pensar e escrever com um tanto mais de agressividade, fazendo uso dos atributos que são considerados “humanos”, não para convencer meus confrades de que sou gente, mas para o reafirmar para mim mesmo, por que seria o fim da picada se eu me deixasse convencer pela opinião corrente de que não sou...

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Sabe o Fulano?! (ou de como as 8 da manhã de sábado perdi mais um amigo por falar o que penso)

Luiz, cê não vai acreditar!!
...?
 Sabe Fulano..?!
Que é que tem ele?

Cara, cê não imagina...!
...
Fiquei sabendo agorinha! Ele assumiu que é gay!!!
...
...?
E aí?
Aí o quê?
Não vai falar nada?

Tou esperando você me falar a grande “bomba” sobre Fulano...

Mas então!?

Então o quê, jesus!?
Ce me ouviu? Fulano é gay!

E daí? Porque é que eu não acreditaria nisso?
Vai dizer que ce sabia!?

Sabia o que?
Que ele era gay!??

Era? Ora, pois então não é mais?
@%$*! Você sabe do que eu estou falando!

Você supõe que eu saiba. O problema é quando eu também suponho. Ta, ce quer saber se eu sabia que ele É homossexual? Não, não sabia. Mas também não sabia se ele era heterossexual...
Coméquié?

Sabe...Heterossexual; Pessoas que se relacionam sexualmente com pessoas do sexo oposto.
Eu sei o que que é “hétero”!

E então.
Então o quê?

Então eu nunca soube se fulano era heterossexual, daí também não saber se ele era homossexual... Também não sei de você. Porque é que eu saberia? Nunca me interessei na verdade.
Mas que porra de conversa é essa?

Cê já me viu fazer sexo com alguém?
Que merda, claro que não! E por que eu veria!?

(É mesmo...Por que você veria..?) Então!? Como é que você sabe se eu sou gay ou não? Como é que sabe que eu não gosto de homem?
Mas você é casado e tem filho!!

Fulano também. Você também.
Tá querendo insinuar o quê? Que eu sou gay? Que você também é gay?

Uai e se eu fosse? Ia sair daqui correndo e contar absurdado pra algum amigo como se fosse a coisa mais fantástica do mundo?
Mas...

Híí...Já ta me olhando esquisito. Afastando a cadeira... O quê que há “bofe”? Tá com medo que eu te pegue? Hahahaha!
Pára!

Pra sua informação (e provável decepção), não, eu não sou homossexual, se é que isso é da sua conta.
Mas o que me deixa pasmo é você vir aqui falar de um cara que a gente conhece há vinte e tantos anos de um aspecto da vida dele que a gente não sabia (e ainda não entendi porque diabos a gente deveria saber ou não saber disso), mas parece agora que ele veio de Saturno ou que tem tentáculos.

Ô, né preconceito não! Mas, cara, porque ele não falou pra gente?

E pra quê ele falaria? Que é que isso interessa? Alguma vez você já me disse que era hétero?

Né isso não!
...?
É que...sei lá. Parece que eu não sei mais nada sobre Fulano...

Só porque “por acaso” o cara assumiu que é gay? Bom, aqui vai o que eu sei de Fulano: Cara legal, conta péssimas piadas, dança bem, me roubou uma namorada na oitava série, adora os filhos, briga, com a esposa, gosta de Creedence (eca!) e me deve uns oitenta reais (aquele dali não paga gente viva!)...Ah e “agora” é gay!

Mas custava falar?
De novo: Pra quê? Que diferença faz? Você ta com quarenta anos e tá reagindo assim. Imagina como reagiria se ele te falasse quando éramos moleques...
Eu realmente não entendo porque isso te incomoda tanto...! Pleno século vinte e um e alguém ainda se impressionar com a sexualidade dos outros como se fosse o fim do mundo!

Puta merda! Mas cê faz discurso pra tudo einh?

É um estilo de vida... E eu tava cuidando da minha quando você veio me enfiar a vida de fulano orelhas adentro.

Mas tem que me fazer sentir o sujeito mais preconceituoso do mundo?
Você é um filho da puta, Luiz!

(De novo) É um estilo de vida. Igual ao seu, de ser preconceituoso sem ser preconceituoso. Igual ao de fulano, que tem o direito de ser quem e o que é e falar disso ou não e você não tem porcaria nenhuma a ver com isso. Mais alguma coisa?

Só uma...Porque é que você não vai se fod@#$%?

“Me” fod@#$%? Não, obrigado. Isso daí é coisa que eu prefiro fazer com outra pessoa... Eu gosto de fazer assim. Espero que não seja um problema pra você.

%$#&@&#!!!!!


Ora, amém irmão! E lembranças a sua senhora...!

Eu não temo cinzas e nem o fogo...

Roma está a arder...
E minha inspiração me abandona porque as musas tem medo das chamas. Eu não.
Eu não temo chamas ou cinzas.
 Eu temo e sempre temi que essa cidade queimasse. Por isso mesmo a incendiei.
Eu acordava apavorado e suado e gritando na noite quando num pesadelo furtivo eu via as chamas a lamber os pátios e o templos.
Agora, que meu coração se desintegra junto com os pilares e casas e lugares amados a que estava ligado, eu olho e contemplo o pavor de um pesadelo vivo.
Eu queimo junto com esta cidade.
Mas eu temi tanto que ela se queimasse, que não tive escolha a não ser atear o fogo que agora ilumina o céu dos meus temores.
Foi a coisa mais lógica a se fazer, porque depois que só restarem cinzas, vou parar de ter medo.


terça-feira, 23 de setembro de 2014

Filopoema- Ou uma constatação

...e o que me faz (fez)  permanecer desperto desse transe (trânsito) em vive um (o) mundo imerso em banalidades, foi (é) a consciência de que não há nada no mundo que seja irrelevante.

Ainda que mesmo as estrelas e os possíveis deuses acima delas sejam efêmeros...

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

We are from...


Mulheres (e derivativos) são de Vênus.
Homens (e adjacentes) são de Marte.
Já eu e minhas contradições somos de algum lugar em Plutão (que ora é planeta ora não é, mas segue girando indiferente as indiferenças alheias)

Como diabos viemos todos parar no quintal da terra?

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Aos Gatos que guerreavam em dança mortal no teto do mundo...



Enquanto eu durmo um sono-insone-entre-sonâmbulo, há gatos brigando por sobre o telhado, por sobre a cabeceira dos meus pesadelos.
E me perco raciocinando, tentado sondar o que só um delírio genuíno me revelaria.

Em algum lugar em Tikrit um sujeito sua frio e reza enquanto prende explosivos ao corpo.

Em algum lugar em Bangladesh alguém olha um copo vazio e se sente cheio de vazio enquanto enche o copo novamente.

Em algum lugar em Manaus alguém tentava apagar lembranças queimando fotografias antigas e agora tenta apagar as chamas com que tentava apagar as lembranças.
(vai ter cicatrizes para lembrá-lo de qundo tentou esquecer)

Em Porto Alegre alguém usa giz para riscar versos na parede de uma cela, porque lhe tiraram a caneta com que matou outro presidiário.

Em algum lugar a três ou trinta anos daqui, alguém mata mais um pouco da sua inocência olhando para uma tela onde algo indescritível se desenha.

Em Belo Horizonte, por sobre a cabeceira dos meus pesadelos gatos brigam num balé furioso de cio e violência.

Eu sonho com algo magnífico, mas é mais um fantasma furtivo do que eu não vou me lembrar amanhã.
Pensei de modo subliminar que haveria jeito supraliminar de ser um homem, mas já está dando tanto trabalho ser humano, que, sob pena de que me olhe novamente com esse seu olhar transparente, hoje vou me deixar escorregar para dentro do seu desgosto.

Desculpe, mas no balcão da padaria não tinha nem um pouco de Eternidade a venda (Eu perguntei. Juro!).
Perfeição também estava em falta, então contentei-me com bolinhos de avelã...

E não, não foi tentativa de suicídio.
Eu só me cortei para verificar se realmente eu era feito de gelo e de ouro, tal como me dizias, ainda que eu soubesse que não sou, porque me barbeio todos os dias e o rei Midas não era meu tetravô.

Acho que terei de sangrar, mas me esforçarei para não sujar os tapetes da sala e do mundo e da nossa vaidade.


Amanhã, quem sabe você deixe de desejar que eu fosse feito do mármore daquela estátua mergulhada em algum lugar do mar Egeu...?

Fonte da imagem:http://hqscreen.com/

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Você Tem de Entender Que a Chama Ama o Pavio e a Cera, Mas Tem Pouca Consideração Pelas Asas da Mariposa


Há um garoto seguindo meus passos. Eu realmente não me lembro de ele ser tão prudente.
Tem o cuidado de estar à mesma distância que mantenho do velho cansado
que está sempre a minha frente, não importa onde eu olhe e que e quantas esquinas eu vire.

Não fosse isso, eu o espantaria a pedradas, com a mesma impaciência com que me mira aquele velho cansado, quando o vermelho dos nossos olhos se cruza...

Um dia pretendo virar uma esquina dessas sem dar comigo mesmo pretendendo me desfazer desse desejo de virar esquinas.

Ontem à noite, da porta da rua até o quarto, fui deixando pelo chão da casa, sapatos, meias, roupas e restos de desejos. Quando o resto de mim chegou à cama, já não havia muito para caber em um pijama.
Se eu usasse pijamas...

O que me aborrece de verdade, por debaixo do som da chuva desabando no telhado, é pensar que aquele garoto que fui, não tem nem quinze minutos deixei de ser. É recente demais para que eu me desvencilhe dessa sensação de infância e fragilidade nos sentimentos e no pensamento.

Não importa quantos banhos tome, ainda estou fedendo a leite e a desamparo.

Queria olhar para aqueles sentimentos estranhos como estranhos a mim e me sentir divorciado deles, e esquecer como quem esquece um sonho qualquer quando a rotina do dia se assenta.

Algumas vezes, (umas três por semestre) quase posso fingir pra mim mesmo que ainda me resta alguns trocados no banco, uma fatia de pizza fria na geladeira (atrás do tomate murcho e da garrafa azul de água que eu vivo esquecendo de me lembrar de encher), algum amigo que ainda não tenha feito com que eu me sinta um calhorda e um pouco de esperança de que alguém, em algum lugar no mundo, está neste momento sonhando exatamente com o tipo de criatura que eu sou.

E que a cada dia que passa, sou menos.

Se esse improvável sonhador me encontrasse hoje, reconhecer-me-ia em meio aos restos de mim que nem mesmo chega a encher um pijama (se eu usasse pijamas)?

Acho até que ao menos hoje, me contentaria com alguma reprise decente na tv a cabo, que pago pelo privilégio de me entediar com a antiguidade das idéias novas.





segunda-feira, 21 de julho de 2014

Discordando do Grande Machado de Assis

"Lágrimas não são argumentos...."
Dizia Machado.
E eu digo: Oh, mas são de uma eloquência de dar inveja a qualquer discurso!

domingo, 6 de julho de 2014

Apresentação... Ou Um Exercício de Humanidade



Isso ia soar bem esquisito.
Fazer uma apresentação de mim (exigência para participar de um site de literatura), como se eu fosse ao mesmo tempo um ponto e guia turístico e tivesse de alistar dentre as minhas características algo que valesse a pena uma visita. Lamentavelmente, sou uma criatura bastante vulgar, no que tange a aparência física. Acho esquisitíssimo tirar e exibir fotografias de mim, como se a minha cara fosse algum tipo de obra de arte que valesse a pena ter na parede. Então, receio que quem me visite não vá ter um cartão postal decente que enviar para os conterrâneos. Quero dizer, a estética que se dane, porque eu já me irrito com o trabalho de ter de escolher dentre as roupas que sou obrigado a comprar alguma que seja sóbria o bastante para que eu passe despercebido e ou não assuste as velhinhas no ponto de ônibus a noite como a promessa de um possível assalto ou coisa que o valha e nem dê a impressão de que acabei de sair de um bloco carnavalesco.

Então, fotos em sites, nem pensar!
Porque diabos eu vou dar as pessoas que me visitam o desprazer que me acomete todos os dias pela manhã ao olhar para a minha cara cansada?

Toda vez que faço a barba e tenho de suportar o espelho olhando de volta, olho e penso se a imagem daqueles olhos vermelhos e nariz pontudo ficariam bem numa parede qualquer de uma galeria de arte. O pensamento só não me faz rir porque pela manhã meu humor não está dos melhores, coisa que me torna ainda menos atraente ao olhar...
E olha que nem me considero realmente "feio", mas é que essa pele que uso para me movimentar neste mundo não me parece que deva ser o aspecto que eu vá valorizar em detrimento de outros. Sempre tem um cara mais bonito,  mais "fodão", mais forte, mais rico, mais o diabo, então, que se dane isso que daqui ha uns anos vai ser só poeira numa cova qualquer...

As pessoas geralmente quando se apresentam adotam uma postura bastante estranha, descrevendo defeitos como qualidades, passando-se por temíveis, atraentes ou mais agressivas do que na verdade são. 

Mulheres fatais super-fêmeas, ultraseguras e coquetes até a ponta dos dedos ou o irritante oposto - mocinha-donzela-a-espera-de-uma-porcaria-de-príncipe-que-lhe-vá-salvar-de-sei-lá-o-quê.

Homens super-amantes, dotados de capacidades sexuais dignas de um fauno (aqueles falastrões do tipo, “se te pego de te viro do avesso...”), ou a-porcaria-de-príncipe-de-mentira-que-a-mocinha-das-linhas-de-cima-espera.

Afinal "onde é que há gente no mundo?"

Não neste em que vivemos, isso é certo... 
Um mundo maravilhoso de clichês, de gente clichê, de pensamentos prontos e ou previsivelmente suaves ou previsivelmente agressivos, ou previsivelmente previsíveis...
Existe sempre "a coisa certa" a ser dita. 
Diga, e todos vão amar a pessoa "maravilhosa" que você é.

O fato de "a coisa certa" quase nunca ser verdade ou coisa sincera é de somenos importância.
O que importa é que te amem na mentira, que talvez (se você para pra pensar) seja tão pesado quanto ser odiado na verdade.

Mas todo mundo se protege do desamor dos outros...
Uns exageram suas “qualidades” mais desimportantes e outros o fazem com os defeitos de mesma ordem. Já vi gente, (muita gente aliás) se dizendo “louca” (como se isso fosse alguma vantagem, como como se alguém que fosse realmente 'louco' se visse como tal e não visse no inverso, que louco é o mundo).

 Na maioria das vezes essas pessoas unicamente se valiam da suposição de sua loucura para acobertar uma estranheza (que contraditoriamente é bem normalzinha, por que da pele pra fora todos no mundo nos são estranhos), como desculpa para sua inconstância, para não formarem laços (como se apenas eles ansiassem por uma vida não- simbiótica), para justificar as feridas que sua singularidade causa naqueles que os amam (como fosse possível viver sem ferir os outros).

Os falsos humildes são ainda piores do que os assumidamente arrogantes, com a diferença que estes últimos são engraçadíssimos, enquanto os primeiros são maçantes ao cubo!

Eu penso que ninguém se apresenta como um ser humano, simples, inconstante, cheio de medo e de duvidas simplesmente porque ninguém nos ensina a ser gente, (humana e falível gente) e de outra parte, somos ensinados a nunca pôr a nu diante dos nossos irmãos da confraria humana, que somos tal como eles. Mesmo porque, as pessoas em geral se sentem desconfortáveis quando alguém se atreve a lhe lançar consciência adentro o peso de sua humanidade como um espelho, onde podem mirar a própria. 


Então, por consideração aos vossos brios, permitam-me que me apresente adequadamente...
Eu sou uma semi-divindade, cavalheiros!
Eu sou um homem maravilhoso, virtuoso, forte, inteligente, cheio de convicção e portador de uma força e fé inabaláveis.
Nunca oscilo, nunca tenho um momento de dúvida e não sei o que é fragilidade.
Do mesmíssimo modo que todos vocês, aliás...

Só falo um pouquinho de mentira.

E infelizmente, me falta a mágica capacidade de acreditar nelas.
Nutro em secreto a ambição de um dia acreditar, nas minhas e nas vossas...

Mas eu ainda não tive uma só ambição que não me saísse pela culatra.
Algumas vezes, naquelas horas em que uma sensação tão castanha quanto a minha pele se apossa de mim, fico me perguntando se há algo mais digno de ser ambicionado do que ser simplesmente um ser humano, para fora de qualquer rótulo.

A verdade é que talvez não existam verdades, a não ser a verdade do pó, das coisas ínfimas que no conjunto aparentam as coisas grandiosa em que nossa vaidade se aferra...

Mas tudo se constitui de fina poeira que o vento leva e a mim parece que um homem só tolera a ideia de ser humano porque nesta ideia está implícita a sedutora ideia de ser o embrião de um deus.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Do que eu não consigo definir...

O que paralisa e por vezes  cala a minha grande necessidade de dizer algo não é a falta de tema ou uma inspiração escassa.

Dá-se o oposto, e quase sempre, me vem um vagalhão de pensamentos em manada, num fluxo enlouquecido em via expressa mental, tendo como meio de manifestação no mundo o fino gargalo dos meus dedos neste teclado.

Talvez me faltem as ferramentas apropriadas, como por vezes me falta a compreensão necessária...

É só, que se eu tivesse cinzel e mármore ou pincel e tinta e tela, talvez me fosse possível fazer o impossível e desenhar em pedra ou em tela o indefínivel.

Não é muito comum encontrar o impossível dentro da possibilidade e caso ocorra, quem detem os meios de registrar, como quer que seja, isso, essa sensação de impossível que exige ter forma além do conteúdo?

Eu não tenho cinzel, tinta ou pincel e também não sei cantar, dançar ou emprestar a esse mundo qualquer forma de beleza que não sejam palavras. Pelo menos era o que eu pensava, mas agora as palavras me traem e me faltam, quando delas preciso.

Mas existem... Momentos, fragmentos de impossível, de eternidade, momentos nos quais somos acometidos pelo desejo de neles existirmos para sempre, sem passado, sem futuro, sem desejo ou anseio do que seja ou esteja além daquele momento de nirvana em que somos e temos tudo...


Isso é o indefinível acima do qualquer forma de arte possa expressar...

terça-feira, 10 de junho de 2014

Raciologicando no B612

E antes que eu tire minha dor do caminho, para que você passe com seu sorriso infernal, me deixe te contar uma conclusão: 
                         Sementes de rosa são muito mais perigosas do que as de Baobás.

As ultimas só te partem o planeta, mas, diabos, há muitos planetas no céu, mas só um coração dentro de cada peito.

E se o sol não pode viver longe (ou perto) da lua eu não sei...
Mas sei que cometi erros demais emaranhando a minha alma por aí .
E que no fim das contas, flores e espinhos acabam por ferir-se mutuamente.

Mas quem é que entende a razão dos espinhos?

sexta-feira, 25 de abril de 2014

Para você...

...que como eu sofre da infeliz característica de ficar engraçado quando com raiva, uma advertência:
A imbecilidade alheia é (e cresce) proporcional à sua capacidade de se irritar.

Especialmente quando - mãe das contradições - os infelizes portadores dessa patologia espiritual (no caso, a imbecilidade), têm percepção dessa correlação, embora não tenham, aparentemente, de mais coisa alguma.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

O aceno de Náucrete

Você pode cantar sobre mim, se o quiser...

Eu canto sobre guerras e sobre dias alegres
E sobre flores e amores e a fragilidade das coisas...
Sobre sangue derramado e lascívia sobre a lua...
Eu canto sobre coisas que se arrastam sob a luz
E sobre o que cavalga acima da escuridão...

Mas que sei eu dessas coisas que canto,
senão que canto sobre o que não sei?

O que você não sabe,
É que eu conhecia o poder do sol sobre minhas asas de cera.

O que importa é voar, criança.
Em que direção é só um detalhe que preocupa quem não voa.

Eu?
Sou ilha de não saber nada...
Um amontoado de ignorância cercado por incompreensão por todos os lados.
E estando náufrago sem nau ou porto de mim,
Não compreendo esse seu Ser sendo o que não compreendo.
Mas acabei de fugir de um labirinto para dentro de outro.
Uma esquina errada que tomei depois da terceira nuvem...

Mas tão logo me liberte o mistério do meu Ser Humano
E me livre o fascínio do Eu,
Haverei de compreender o seu Ser Mulher
Para talvez começar a entender também o meu Ser Homem.

E é realmente belo que te digas louca,
Mas, sabe, isso deixa de ser virtude quando te gabas...




quinta-feira, 3 de abril de 2014

SobRE medidas


É só que as vezes 1,70 m e 60 kg são espaço e volume e densidade insuficientes para abrigar uma alma já repleta de insuficiências, mas que tende e se estende ao infinito.
Mesmo que o infinito esteja alojado na cabeça de um alfinete, onde dançam os anjos vadios...

Dizem que a noite é longa e a vida é curta ( e eu querendo muito saber com que diabos de régua as mediram), mas isso com frequência me remete a questão fundamental, que acabou virando um juízo de valor entre pessimistas (os chatos) e otimistas (os iludidos), se o copo afinal está meio cheio ou meio vazio.

E eu achando que qualquer copo está meio cheio de vazio e o vazio tem fome também da metade que não está...

E olhe que eu, que nem mesmo sei ao certo como ajustar o sinal da tv a cabo, ou pra que existem tantos widgets nos aparelhos quando usamos apenas um ou dois ou nenhum e não compreendo outras pequenas miudezas quotidianas que se configuram mistérios para mim; justo eu, tento sondar o gigantismo do nada na metade vazia de um copo.

Na minha balança psicológica, a incompreensão das coisas pesa tanto quanto a consciência dessa incompreensão. E é sem fronteira visível, pelo menos, desse ponto cardinal de onde tento me lançar às estrelas (trilhões de kms acima) enquanto estou indo cada vez mais para baixo (cerca de 2,4x1x1,70m em minha viagem final).

Estou em temporada de caça e abate de Verdades Absolutas, mas creio que minha parede vai ficar limpa de troféus, porque verdades são esquivas e eu tenho péssima mira...

Mas hoje, e talvez apenas hoje, eu gostaria de compreender e ser capaz de desmistificar a antiga verdade de que a mariposa não tem escolha a não ser dançar perigosa e apaixonadamente em torno da voluptuosidade da chama...



domingo, 30 de março de 2014

Dos restos dos meus diálogos oníricos


...e mesmo que a gente não venha a este mundo aparelhado com uma tecla f5, é necessária atualização constante do que nós somos e isso implica longos auto-diálogos para dentro. Então conhece a si mesmo para tornar-se o que você é.

Isso requer mudança, porque sem mudança há a extinção do que somos, porque a moeda de troca pela aceitação do mundo e (pasme) até de nós  mesmos, é a nossa identidade. Não  a cristalize, pois, em modelos.

O que não muda, desaparece e você tem sim de mudar constantemente para estar cada vez mais parecido consigo mesmo. "Só o mutável pode perdurar", lembra?

..e antes que o despertador grite para que você vá (ainda) mal aparelhado para a batalha do mundo, me deixe dividir com você uma quase-verdade que troquei por uma imperfeição de que gostava muito:

O Amor tal como nos é ensinado não existe. O que existe é desejo de posse.

É só pensar que se você diz amar algo ou alguém, ficará apavorado com a ideia de ter de partilhar com outro esse objeto do seu amor.
Talvez até o faça, por razões que só o inferno compreende, mas não sem uma quota considerável de sofrimento.

Houvesse um mandamento contra essa idéia, seria: "Não chamarás 'amor' o teu desejo de exclusividade emocional ou sexual sobre nada ou ninguém".

Não é um pensamento confortável, mas talvez te desperte mais eficientemente do que as xícaras de café amargo e o banho frio.

O único amor real, é o que se tem pelas ideias, porque essas, você ama e faz questão de partilhar e de soprar ao vento como dentes-de-leão.


sábado, 29 de março de 2014

Da minha coleção


Tem gente que coleciona selos, moedas, namoradas...

Eu coleciono defeitos.

Todo dia esbarro em um pelas esquinas e como o adulo e lhe faço carícias, o bandidinho me segue até em casa e daí fica difícil me livrar do bicho. 

Então minha coleção aumenta exponencialmente, enquanto meu estoque de amigos diminui na mesma proporção.

Hora ou outra tenho de fazer um puxadinho moral para colocar em ordem essa coleção e para tanto, terei de demolir um cômodo ou dois onde tenho alojado qualidades mentirosas.

É um inferno, porque a unica coisa que tenho para amar em mim mesmo atualmente são meus defeitos, porque eles são muito mais genuínos do que as minhas qualidades reais ou imaginárias, então fica difícil desfazer-me de um item dessa coleção, mesmo os que tenho repetidos e que poderia trocar num escambo de más qualidades. 


Quer dizer, a gente até pode mentir para os outros ou para nós mesmos, sobre as próprias virtudes e embora as pessoas possam ter ilusões a seu respeito, você é uma pessoa bem desafortunada se tiver uma repulsa natural pelas auto-mentiras.

Se eu fosse um sujeito esperto, colecionaria selos, , namorada, moedas ou falsas qualidades. 
São coisas muito úteis e as pessoas em geral gostam bastante de quem ostenta um bom estoque dessas coisas.

Mas quem disse que eu sou esperto?
Sei lá se alguém disse. 
Foi uma pergunta meramente retórica.

Mas se alguém tivesse realmente dito, estaria falando, é certo, de uma das poucas falsas qualidades minhas que pretendo desalojar para ampliar minha coleção de defeitos genuínos.

---
Ah e só pra constar, não, não sou adepto da misoginia ou da misandria.
Sou misantropo mesmo e minha birra de gente (que oscila para um absoluto fascínio e simpatia) não conhece e não reconhece gênero.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Um momento de chauvanismo místico




Apesar de ser um incrédulo fanático e apóstata de tudo o que é "bonitinho" e esteticamente doce, sou, penso, um sujeito de muita fé.

Tenho fé na minha descrença e acredito que muita falta me faz o dom divino de ter fé. 
No que quer que seja.
Por exemplo, contrariando a todo o pensamento corrente (ao menos no ocidente que tem a pretensão de ter a palavra ultima sobre tudo), acredito piamente que Deus não é Ele, mas Ela.

E olha que eu nem acredito em Deus.
Não mais do que não acredito em mim mesmo e nas minhas descrenças.

Eu nunca entendi essa coisa de "deus-pai", como se o ser superior tivesse testículos e gametas para preenchê-los e (já fui até aqui em minhas heresias sem que um raio me caísse na cabeça, então, vou me permitir ir adiante!) fecundasse a criação como um homem "fecunda" uma mulher.

A lógica me diz que se deus existe, ele só pode ser mulher.
E não é porque o ato de gerar seja um atributo tipicamente feminino ou porque o universo seja maravilhosamente caótico e cheio de minúcias, porque estou convencido de que a unica coisa que um homem faz melhor do que uma mulher é urinar em pé (embora eu saiba de umas que se tem aprimorado nesta técnica e de uns que nunca a aprenderam corretamente, como se verifica nas tampas de sanitários) e um deus macho pode ser igualmente capaz de ser confuso e minucioso como o é aquele(a) ser que talvez esteja neste momento preparando um relâmpago destinado a me abater (é, eu me acho sim! Na verdade, não me acho. Me tenho certeza, ainda que duvide dela!).

E nem adiantaria enumerar os aspectos positivos e negativos da divindade, porque neste sentido, tudo o que se diz de uma mulher pode igualmente ser dito de um homem, embora em instâncias diferentes.

Mas o que me convence, a mim que não me permito convencer de nada, de que Deus é fêmea, é por uma razão muito pessoal:
E nunca me dei bem com as mulheres, do mesmo modo que não me dou bem com Deus(a).

Temos, penso, uma mútua incompreensão, sua lógica é confusa para mim e a minha confusão não se acerta com Sua lógica, tenho um desejo muito profundo de acreditar nele(a), papagueio um monte de asneiras no afã de chamar sua atenção (ainda que seja um raio como castigo pelas heresias), acho que a existência dele(a) é a coisa mais necessária neste universo (embora as evidências A MIM mostrem que no céu só tem estrelas e aliens e vácuo), amo (a idéia de) Deus(a), mas Ele(a) sequer tem idéia do que eu amo ou odeio.

Deus(a) me ignora completamente (apesar do discurso de que Ele[a] tem um plano qualquer que me envolva pessoalmente, trata-se de plano obscuro demais e muito mais da cabeça dos que dizem ser Seus porta vozes do que o que a realidade das coisa me tem revelado) e é a mais maravilhosa musa a me inspirar a mais profunda angustia existencial.

Dificilmente  um macho, seja físico ou metafísico, seria capaz de inspirar (ao menos a mim) tanto fascínio, confusão, pavor e uma indisfarçável revolta  pelo seu aparente desdém.
Deus não gosta de mim embora eu o ame e não acredite nele.
Logo Deus é mulher.

Postagem estranha para o mês de março, mas eu sou estranho e acho que por hoje vou me permitir abrir mão do compromisso de tentar aparentar normalidade ou bom mocismo.

Não que seja necessário esclarecer, mas a postagem acima, embora seja  expressão da minha verdade particular (logo frágil e passível de mudança nos próximos segundos) é uma descarada provocação a uma amiga; criatura maravilhosa, visceral em sua genialidade, tola até a raiz dos cabelos quando se irrita, uma feminista roxa, ateia fanática, pensadora vitoriosa e o mais implacável inimigo da minha irascibilidade imbecil.




sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

E você...

...até pode pretender saber qualquer coisa sobre o amor. Mas eu ainda acho que feliz era Lili, que não amava ninguém... E J. Pinto Fernandes, que veio por fora da pista e ganhou a corrida.

sábado, 22 de fevereiro de 2014

Obra Maravilhosa de Fernando Esteves Pinto...



Não conheço o teu rosto de prazer, mas deve estar dentro desta frase. 

Queres existir nesta folha do tempo que viaja dentro da minha mente? 
Vou pôr um livro nas tuas mãos enquanto te despes.
Não quero que me ames se pensas que o amor é para sempre. 
Tenho uma idéia da minha vida que nem sequer é verdadeira. 
Uma história de amor.

E se eu te dissesse que amamos sempre pelas razões erradas? 
Os erros eternos fazem grandes histórias de amor. 
Não tenho uma imagem do teu sorriso. 
Não tenho um desenho da tua boca. 
Desejas amar-me em que sentido?

Que tempo queres que exista para se dar o encontro?
Um nevoeiro corporal em tudo o que nos espera. 
Tenho as tuas palavras, mas esvaziei-as da emoção que traziam. 
No fundo és uma luz no desejo de não existires.
 E eu escrevo este tempo perdido no corpo que procuro.
 Se eu deixasse de pensar e escrever, eu sei, tu não sentirias medo.

O espetáculo burlesco que vai à minha cabeça. 
Esta manhã vi teu rosto em todas as mulheres com quem me cruzei na rua.
É uma espécie de escrita em que vou abandonando pequenos pensamentos que não acho interessante. 
No fim fiquei sem nada, mulher nua com um livro a ser lido. 
Tu amas o tempo e eu não vivo no teu tempo.

Tu amas as minhas palavras e eu não sou as palavras que escrevo. 
O amor e a literatura são parecidos na mentira. E é sempre triste não amar alguém porque se tem medo da mentira.

Tenho saudades dos teus dias passados longe da minha vida, é uma verdade. Se isso não chega para se sentir o amor, nunca poderei amar a tua liberdade. 
Mulher no tempo com livro aberto no coração nu. 
Um dia encontrar-te-ei dentro duma frase que fale de amor. 


Fernando Esteves Pinto


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Raciologicando à quinta potência


(...)

... e depois de considerar o quanto pode caber no espaço ocupado por parênteses e três pontos, me convenço finalmente de que a linguagem, contraditoriamente, é talvez o maior entrave à nossa comunicação.

No espaço por entre os parênteses acima, estava um longo monólogo carregado de uma emotividade ridícula que me encheu de auto-desprezo depois de ler o que digitei. Fica pra outra hora, porque acho que já espezirritei-me a mim mesmo em demasia por essa semana (e talvez por toda uma encarnação)...

Penso que é até possível, com os meios adequados e ainda ignorados, ensinar um animal ou vegetal e até um mineral (por que não?) a falar.

Mas um homem, tendo-o aprendido a falar, lamentavelmente jamais aprenderá a calar a maldita boca, enquanto se importar com esses universos caóticos chamados "pessoas" que circundam a sua órbita e meio que parasitam seu parco estoque de auto-amor, mais do que consigo mesmo e com este estoque.

Isso é lastimável, embora não pareça fazer muito sentido.

Mas se posso afirmar (e ainda que eu não pudesse, afirmaria assim mesmo), considero que somos talvez muito afortunados pelo fato de sermos capazes de odiar, tão doida e profundamente quanto amamos.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Anacrônico



Chame a si mesmo do que quiser,  
(até porque, quando te chamas, nunca respondes!)
Nomes são palavras "e os erros são teus"
Mas você é um profeta, 
Quando faz poesia,
Poeta, 
Quando vem anunciar para ouvidos moucos o absurdo das pequenas vilezas dos homens,
Sábio, quando compõe odes a sua ignorância,
Tolo, quando pensa estar pensando que sabe o que pensa sem o saber.

Você pode estar confuso, mas não o bastante para andar sem rumo,
E há tantos caminhos a escolher, que não é difícil se perder por entre escolhas. 

Você é o portador de uma estranha verdade:
  - Estar perdido é o modo de esbarrar consigo mesmo numa esquina qualquer.

E afinal este não é um mundo alucinado?
Você pode ter certezas, mas fatalmente irá desconfiar delas, porque é a sua natureza ir contra a sua natureza de ser contra a sua natureza (e por aí vai...)

Mas isso que você faz,
Isso que você é,
É uma tentativa comovente criança,
De dar a si mesmo o que tão fartamente dá a outros sem receber,
Um meio de amar a si mesmo, ainda que através do amor dos outros,
E de ver a si mesmo, mesmo que com olhos que não te enxergam...

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Considerações antes de uma capitulação...

Caso alguém me leve a mal,
Penso e advirto
Que me divirto imenso
Escrevendo isto.
(A rima é proposital)
...

E quem haveria de pensar em tal coisa...?
A verdade, e eu me lembro bem, que fomos meio lubridiados no advento do ano 2000, ano que segundo os afeitos ao apocalipse, o mundo acabaria em fogo e enxofre. “Mil passará, dois não chegará e blá-blá-blá...”
E nós ainda estamos aqui.

Mas, claro, nosso fascínio pela nossa destruição não cede mesmo quando o Armagedon não venha nos próximos cinco minutos, como quer a nossa fé. O mundo não foi pras cucuias. Deus nos decepcionou e não nos mandou fogo dos céus...
Mas continuamos a espera.

O que eu acho engraçado, se é que isso tem graça ou talvez seja uma “dês” (apenas para poupar os olhos e mentes mais sensíveis as sutilezas do nosso vocabulário), é que um dos personagens do fim do mundo já deu as caras há tempos e parece que ninguém se deu conta. Aqui está a parte engraçada: Ficamos todos à espera que a tal “besta do apocalipse” surgisse entre os grandes vultos da humanidade. Uns pensavam que seria um líder político e outros tinham certeza de que seria um guia religioso.
Quem imaginaria que o dito cujo fosse um nerd dos confins de Westchester?

Esqueçam de Lex Luthor, Darth Vader ou o Coringa. O grande supervilão da humanidade é o fundador do facebook, mas diferente destes três primeiros, ele realmente conseguiu “dominar o mundo”.
Hoje em dia ninguém mais existe de fato fora do “face”.
Não há comunicação fora dali.
Ninguém te manda e-mail, carta ou mesmo telefona.
Aquelas fotos de família? “Postei ontem no face.”
O trabalho de faculdade? “Ta no face desde de manhã! Em que mundo você vive?”
“Te deixei um recado no face.” “Eu não te encontro no face?!” “Qual é o seu face?”

Da ultima vez em que acessei o facebook, foi quando das manifestações pelo Brasil no ano passado (ao final das quais mais uma vez perdemos a oportunidade de fazer história em vez de vivê-la) e eu precisava saber onde e quando as pessoas se reuniriam. Foi útil, mas atualmente esse negócio anda mais ou menos como sopa de quartel: cem gramas de carne para quatro litros de água!

O mundo real não existe mais. E é nesse mundo que ainda teimo em viver. O meu denuncismo talvez seja uma teimosia quixotesca, talvez um prazer advindo da rebeldia ou simplesmente uma tendência a andar na direção contrária da multidão. Mas o fato é que ninguém mais “compra ou vende” fora do facebook.

Até então eu tenho me virado razoavelmente bem sem ele, mais o cerco se aperta e acontece que enquanto eu vivo e convivo em sociedade, preciso comerciar. Preciso comprar e preciso vender, logo, tenho de ter a tal marca do face, porque encontro esse logotipo “F” (coincidentemente, a 6ª letra do alfabeto. Número repleto de significados sinistros...)em tudo que é canto. Até em sites governamentais!

“Curta a porcaria da nossa página...”

O meu problema é que tenho preguiça em militar por qualquer coisa. Ficar praguejando contra as tendências da humanidade cansa o espírito já exausto de lutas inúteis, pra não falar que cansa os ouvidos alheios. O virtual superou o real (que já era confuso e duvidoso) e agora, aparentemente não temos mais carne e sangue, a não ser em situações especiais e fomos convertidos em bits e bytes, em álbuns de fotos que nada dizem e postagens sobre banalidades ou tragédias pessoais.


É magnífica a capacidade humana para transformar ferramentas potencialmente úteis em coisas perniciosas e estou pra ver coisa mais nefasta e comprometedora da privacidade do que o tal facebook.
E olha que eu já implicava com o orkut, msn (alguém se lembra?)...
E como o “funk” (outra praga que veio pra ficar) substituiu a lambada, já me arrepio pensando no que vai substituir o “face”.

Quem pode me explicar o porquê de um ser humano tirar uma fotografia de um prato de batatas (engorduradas e aparentemente fritas em óleo muitas vezes utilizado, a julgar pelos fragmentos escuros nas fritas) e postar essa porcaria numa rede social?
E me explica, por favor, os mais de trinta comentários do tipo: “Hum...Tô aí!” “Que delícia!” “Eu queeeeroooo!”, e por aí vai!?

E vai olhando;
a pessoa posta, essencialmente, piadas (que já foram compartilhadas numa centena de outros perfis), fotos suas em poses repetidas (fazendo um bico ridículo ou com os dedos em v e L)  ou em ocasiões que o bom senso diriam ser intimas (pra não dizer constrangedoras), farpas para supostos inimigos(as) (que aparentemente não tem coisa pra fazer além de fuçar o perfil de quem lhe detesta), trechos adocicados de poemas, mensagens religiosas do tipo “Jesus te ama” intercaladas com coisas como “Batom de periguete é superbonder”  e a lista segue.

Lamento, porém, que essa figura não se trate de exceção, mas representa uma grande maioria barulhenta.

Eu juro, nunca vou compreender as pessoas.

Não passa semana em que alguém não me venha dizer que teve um problema qualquer no “face”. É inacreditável, porém, como as pessoas se expõem ali e continuam a se expor não obstante os problemas que por ventura tenham.

Mas eu dizia que preciso comerciar. Preciso comprar e preciso viver e contrariando as minhas esperanças, essa rede social aparentemente veio pra ficar, aliando-se ao telefone celular para se tornar mais uma porcaria de cadeia sem a qual não é possível existir em sociedade e ter ou manter contatos.

Então, é sem constrangimento (até porque dá muito trabalho ficar constrangido) que reconheço que estou em vias de capitular.

Estou bem com isso.
Já fui um sujeito de convicções, até o dia em que percebi que é melhor não estar convencido de nada, porque obstinação é raiz de carvalho em noite de tormenta.

E como não sou um deus e nem um animal, não posso, infelizmente, viver só, daí enfiar o rabo entre as pernas e colocar-me sob o jugo de mais essa cadeia.

Paciência...
Vai ver, são apenas moinhos de vento mesmo...


“Se te é impossível viver só, nasceste escravo”.
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