Trinta e seis sombras
Espiralaram como redemoinho ao meio dia
empoeirado
E deslizaram por meus dedos como água.
(Cristalina fosse, nem sede teria minha
alma esfaimada)
Mas correm os anos como moleques
despreocupados na manhã,
Até que vem a tarde e a noite
surpreende nos seus cabelos
Um fino orvalho e o esbranquiçado da
senilidade.
Nós envelhecemos, nós desaparecemos da memória
Fechamos os livros e os olhos
Mas Graograman ainda corre pelas dunas coloridas...
Nós envelhecemos, nós desaparecemos da memória
Fechamos os livros e os olhos
Mas Graograman ainda corre pelas dunas coloridas...
Tenho ilusões, pesadelos delicados
Nas quais meu sangue cai pelo conta-gotas de uma ampulheta...
Segundos como dias, horas feito anos...
E semanas como morosos milênios .
E pelos cantos se acumula ainda uma poeira
insólita
Que minha inquietação varre de outros tempos.
Na porta da esplêndida Casa,
Entalhados em mármore róseo e chumbo,
os dizeres:
“deixai ó vós que entrai toda a
esperança”.
Brilha em neon como letreiro de motéis baratos...
Uma ameaça, sedutora como uma promessa de amor.
Brilha em neon como letreiro de motéis baratos...
Uma ameaça, sedutora como uma promessa de amor.
No mar...
Olhos embaçados,
Esforço-me por ver ainda por entre essa
névoa espessa
Um farol qualquer que me leve de volta
ao porto.
Mas mesmo sem luz, sei
ler no grito das gaivotas
A promessa de uma terra não muito além
dessas ondas.
Talvez na próxima aurora eu não reveja um
crepúsculo,
E a meiguice de uma praia venha me
saudar os braços exaustos
Da labuta com Poseidon e suas vagas.
Afeito ao mar revolto, habituado ao
vento salino,
O pensamento ou vento que não estrala como um açoite nem parece real.
Miragens não movem barcos ou sonhos e a calmaria não me acalma...
Miragens não movem barcos ou sonhos e a calmaria não me acalma...
E a noite escura em que o horizonte se
traveste de trevas
Há de me contar ainda uma ou duas
histórias
Antes que eu aporte.
Apenas um breve repouso e parto
novamente
(A impaciência do vento agita as velas do meu espírito)
(A impaciência do vento agita as velas do meu espírito)
Para encontrar a glória de romper com
uma frágil escuna
Os alegres abismos em que o leviatã
abre as suas presas.
O porto não é o lugar de chegada,
Mas um trampolim de onde saltar novamente para o infinito.
O porto não é o lugar de chegada,
Mas um trampolim de onde saltar novamente para o infinito.