Abaixo, estão os versos mais marcantes (em minha nada
humilde opinião) recitados pelo Professor da Puc Minas Luciano Luppi, no
excelente monólogo "Os Hamlets - Uma releitura", durante a Jornada
do Fórum do Campo Lacaniano 2011. Lamento não me lembrar os versos na
íntegra, mas estes, são inesquecíveis...
Ser
ou não ser, eis a questão
Será
mais nobre suportar na mente as flechadas da trágica fortuna,
Ou
tomar armas contra um mar de obstáculos e, enfrentando-os, vencer?
Morrer
— dormir, nada mais; e dizer que pelo sono se findam as dores,
Como os
mil abalos inerentes à carne — é a conclusão que devemos buscar.
Morrer
— dormir; dormir, talvez sonhar — eis o problema:
Pois os
sonhos que vierem nesse sono de morte,
Uma vez
livres deste invólucro mortal, fazem cismar.
Esse
é o motivo que prolonga a desdita desta vida.
Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade.
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer,
Estou
hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu.
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Nenhuma constituição
Estou hoje dividido entre a lealdade que devo
À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora,
E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro.
Nenhuma constituição
E
nenhuma revolução
Jamais
pensaram em garantir, para os homens,
O
Direito de Respirar
Nenhum
direito mais necessário,
Pois
vivemos o tempo todo nos sufocando uns aos outros.
Você
me sufoca:
-
Sempre que não posso dizer para você o que faço,
O
que sinto e
O
que penso.
-
Sempre que preciso controlar minha voz e meus gestos,
Para
que você não perceba minhas intenções.
-
Sempre que me ponho a justificar o que faço
Frente
a meu Juiz interior – que é você.
-
Sempre que reprimo meus desejos
Porque
todos vigiam a todos, para que ninguém faça
O
que todos gostariam de fazer
O
que seria bom que todos fizessem.
Amar,
cantar e dançar…
Minha
vingança é fazer o mesmo com você.
Por
isso digo que vivemos todos nos sufocando,
E
que jamais se pensou em garantir para todos, o direito
De
respirar.
Nós
nos negamos o mais fundamental dos direitos –
O de
viver.
Por
isso vivemos sufocados – angustiados – infelizes.
É
preciso renascer – e é possível renascer.
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos
doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!