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segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Emily Bronte - As Duas Crianças





Presa ainda esta a volumosa gota d’agua
E sob seu peso se curva o jovem ramo,
Dificultosamente a bruma arrasta o seu ventre molhado,
Sobre os planaltos longínquos em
Que os caminhos se perdem.

O céu escuro e lento, como uma triste
Miragem
E as pesadas ondas do mar que se desenrolam
Sem fim
O coração da criança bate em grandes golpes de angustias
Sob a árvore desolada que se eleva ao longe.

Nem a menor fenda, desde o amanhecer,
Riscou com um traço azul as nuvens espessas.
Jamais a criança viu mais pálido sorriso
Roçar a face oculta do seu destino.

Severo defensor dos primeiros anos,
E protetor alado dos prazeres da infância
Nenhum anjo da guarda jamais terá conhecido
Os mornos desesperos desta alma solitária.

O dia se afasta a passos ligeiros
Sobre as penosas veredas destes dias sombrios.
E a criança na triste aurora da sua vida,
Assiste ao melancólico cair da noite dos seus anos.

Sempre, antes de abrirem as suas pálpebras,
As flores
Elevam uma oração ao sol
E ele, sem o saber, faz os mesmos votos
À pequena rosa humana, privada de calor.

Ó tu, bela flor, que os sopros do oeste
Não puderam jamais cumular com suas ricas caricias,
Tuas pétalas não conheceram nunca os perfumes
E seus orvalhos têm sempre o mesmo
Estremecimento de neve.

E tu, pobre alma, onde a bondade
Não vê jamais se abrir uma jovem promessa,
Tu és bela e estéril, e conheço em ti
O esplendor do caniço sobre uma rocha árida.

Bela alma, e tu, ó bela flor,
Para vós é chegado o tempo de fenecer!
Foste neste mundo uma inútil oferenda;
A terra não soube conceder a sua felicidade
Aos malditos que não tiveram o favor
Do céu.


                                        II

Bela criança de felicidade nos cabelos dourados
O mar esta nos teus olhos, o mar e suas profundezas!
Ó sopro da Alegria, que vens fazer,
Sob o céu intratável onde se obstina o enfastio?

Tua mansão deve ser uma primavera eterna
Onde, pleno, o dia se recusa a morrer;
Celeste visitante!Por que a tua asa errante
Vem a esta criança
Trazer o auxilio e o apoio de tuas lagrimas divinas?

Ah!Não é o céu que deixei por ele;
Também não venho dividir sua dor.
A sombra não pode aniquilar o esplendor de um dia,
E a mocidade ri das nuvens negras.

E eu, doce reflexo das alegres claridades
As lagrimas de criança despertam a minha piedade
E fiz votos para aliviar sua tristeza
E fosse necessário, dando-lhe um pouco
 Da minha ventura extasiante.

Pesada é a noite, que fecha seus negros olhos.
Suas ordens serão terríveis e secretas;
Mais felizes serão os sonos dolorosos
Onde a pena repousa;
Mais felizes os que velam, meus atentos irmãos.

Os que velam o amor na cabeceira da febre,
Colocam na fronte ardente o balsamo da piedade.
Como o pássaro confiando na vaga furiosa,
Sem temor se balança no sulco das ondas,
Assim ao abrigo, sem frêmito,
Minha alma se embala na luz tranqüila!

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