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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Da Minha Necro-linguagem





A minha lógica morre junto as coisas que anseio vivas
E a vida vai perdendo batalhas, deixando a paisagem cinza
E o ar impregnado de vazio.
E enquanto mastigo a familiar sensação de incompreensão,
Moscas vivas empesteiam o ar da manhã
Enquanto folhas secas embelezam o chão da tarde com sua morte.

E é  assim talvez o modo de se darem as coisas,
A pedra beija a vidraça, a vela queima as asas da mariposa,
A alma em êxtase na queda,
O chão subindo violentamente contra a fragilidade do corpo,
Afagos ocultando vilezas e o amor ali, na ponta aguda do açoite.

Mundo louco!
É o ritmo estranho em que o universo dança,
Enquanto vou tropeçando em meus próprios pés
E nas palavras que me explodem a jugular em fogo.

Natural que tudo tenha lá a sua natureza.
E redundância ortográfica ou licença poética que seja,
Lego aos Poetas e aos Semânticos encontrar
As formas  mais exatas de definir
A indefinição,
A singular natureza do nada. 

A minha fala é por vezes  ininteligível e mortal
(mesmo para mim, quando não quero e tenho que falar)
Meus versos são de um embotamento cruel
(Mesmo para mim, quando quero e não posso calar)
E assassino lentamente as coisas quando nelas falo.

É essa, lamento dizer, a minha natureza
Sem semântica, sem poesia...
Mas o universo sabe, não sou nem quero ser poeta.
Somente queria ser mudo e surdo para isso que me ferve as entranhas
Para a febre dos meus sentidos. 

E porque todos os meus espelhos mentem,
Sou um EU atordoado na busca por outro EU.
Talvez  excessivamente encantado
Pelo próprio atordoamento.

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