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quinta-feira, 3 de março de 2011

Apreendendo e apreendendo tardiamente - By Sahge

O grande gênio de Mary Shelley cunhou isso:

Por que há de o homem vangloriar-se de sensibilidades mais amplas do que as que revelam o instinto dos animais? Se nossos impulsos se restringissem à fome, à sede e ao desejo, poderíamos ser quase livres. Somos, porém, impelidos por todos os ventos que sopram, e basta uma palavra ao acaso, um perfume, uma cena, para provocar-nos as mais diversas e inesperadas evocações.
Dormimos.
Eis que um sonho nos envenena o sono.
Despertamos.
Um pensamento errante contamina o dia.
Sentimos, imaginamos, refletimos, rimos, choramos,
Abraçamo-nos à dor, ou libertamo-nos das penas,
Vário é o caminho, mas para a alegria ou a tristeza,
É sempre franco,
O amanhã jamais igualará o ontem;
Nada, exceto o mutável, pode perdurar!

Eu cheguei a pensar num tempo ido, que havia compreendido essas palavras de Mary, dado o grande impacto que em mim causaram. Se eu ao menos fosse tão bom em compreender as palavras com a mesma intensidade com que as sinto, então, tenho certeza, eu seria um grande gênio, talvez até mesmo do porte de Mary Shelley ou do seu. Isso não acontece e me frustro sendo incapaz de compreender as palavras ou mesmo impedir que me penetrem a consciência com tanta força. E como quase tudo acontece tardiamente para mim, só hoje compreendi, em harmonia com muito do que você disse, o que essas palavras querem realmente dizer.

Daí apreendi que é mais apropriado à minha flexibilidade e mutabilidade mental, pautar-me mais por idéias (que libertam) do que pelos ideais (que aprisionam).
E isso não é contraditoriamente prender-me a um ideal (o das idéias), mas uma tentativa de fazer com eu me torne o que você foi por toda a sua vida:


Um ser dialético.

3 comentários:

  1. Realmente, temos a sensação de superioridade em relação aos outros animais quando, vendo por outro lado, somos tão mais frágeis e suscetíveis. Estamos contaminados pela imoralidade, pelo rancor, por sentimentos e vontades. Nossa liberdade é questionável, nossas escolhas também... Que seres estranhos somos nós!

    Estarei seguindo, se puder, visite:

    http://escrevoparaviver.blogspot.com

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  2. A diferença entre instinto e pulsão.
    :)

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