Nada há o que comungar e nada a partilhar
Entre o Eu e os amplos
espaços vazios da minha compreensão.
Há os grandes hiatos abertos
Em meus ossos quebrados por palavras
Em meu espírito fragmentado por pedras e paus...
Um dia hei – e na ânsia desse dia, já nem como ou durmo
senão em sonhos-
De livrar-me desse entorpecimento dos sentidos
Dessa fuga de pensamentos que correm em avalancha
Como se não tivesse crânio a detê-los, mas apenas o céu por
teto para o cérebro.
Por certo, deveria perder-me no acaso dos caminhos que
aponto
Nas direções que indico, mas nunca tomo,
Como se a trilha
para a minha alma caminhar
Começasse na ponta do meu indicador.
Todos parecem saber, mas eu...Eu não compreendo...
Mas tem uns fantasmas falando com minha voz,
Monólogos maçantes em que debato comigo mesmo e com meus
medos.
Pavores absurdos, pueris, pesadelos que já nem assustam
tanto
Quanto a consciência da súbita perda da capacidade
De me assustar.
Tem dois abismos doces por detrás de suas pupilas...
Há dois demônios graciosos a espreita nas suas pálpebras...
Há néctar e veneno confundidos na curva dos seus lábios...
E enquanto me corre um rio de água gelada pelo estômago,
Sorrio de volta para o inferno – Para o maravilhoso e
encantador inferno!
E penso o que pensa a vidraça ao beijo da pedra:
Isso vai doer!
E penso o que pensa a vidraça ao beijo da pedra:
Isso vai doer!
Devo, em meu devir repleto de reminiscências
Expropriar-me de imaginações e sepultar em baús os devaneios
Não tardará romper o dia e há tributos a serem pagos
A tudo e a todos e a corrida do mundo não toma fôlego.
Sonhos são dinheiro precioso.
Já cá, ando sem moeda alguma que jogar no Arrudas
Em troca de um desejo.
Um único.
Um único.
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