"A luta entre o velho e o novo, entre o que morre e o que nasce, entre o que é perene e o que evolui...
A luta dos contrários é,pois, o motor de toda a mudança."
Eu pensei
que queimaria a mim mesmo na fogueira das minhas vaidades. Nunca
soube de lenha mais adequada.
Isso
seria um desejo mais realizável do que meu antigo anseio de ser uma
lanterna para o mundo. Ou talvez apenas me tenha escapado o fato de
que são desejos sinonimizados.
Mas, oh,
clichês a parte, a chama ardeu alto, mas por tão pouco tempo que
nem chegou a iluminar a mim mesmo ou a noite escura a minha volta. E
eu cai de tão alto que já nem havia ossos na casca frágil que se
rompeu de encontro as rochas..
De que é
que poderia me envaidecer, eu, com a consciência aguda das minhas
limitações físicas e metafisicas, estéticas e éticas, morais e
acadêmicas e de outras ordens e desordens?
Eu olho
para trás e vejo com antipatia e compaixão o garoto que fui há tão
perdidos anos e para um pouco a frente, com temor do julgamento do
velho que serei.
Paradoxalmente,
sou ainda aquele garoto com ideias tão revolucionárias quanto
efêmeras e também já aquele ancião repleto de cansaço e
nostalgia que está há alguns outonos a frente, no horizonte do meu
destino.
Há
coisas inconfessáveis, que perturbam o suposto da minha maturidade,
em numero similar aos constrangimentos antigos da minha meninice.
O
entusiasmo sufocante por coisas que eu julgava tão apagadas em mim
como a chama da minha vaidade fenecida me inquieta e tenho de me
mexer.
De
repente me brotam versos e trovas vindas de algum lugar, inspirada
por estrelas em ascensão, quando minha alma já caiu no escuro de
algum canto onde o mofo e bolor tirou-lhe o brilho..
Ah,
melodrama do diabo!
Me sinto
antigo e apaixonado por coisas novas, um dinossauro procurando sua
versão .2 em smartphones...
Me sinto
ridículo, com uns impulsos que brigam com meu desejo de imobilidade
e sou ultrapassado até pela minha letargia.
Um corvo
errante berra seu “Never more” e eu passo as horas tentando
escrever e dar sentido à sujeira que seu pouso deixou no encosto da
minha cadeira e na minha consciência...
Me releio
em coisas esquecidas e lembradas, umas com ternura, outras com
embaraço e rio de mim mesmo, em gargalhadas sufocadas pelo
pensamento de que em alguns anos provavelmente estarei rindo deste
Sahge/2017...
Talvez eu
esteja mesmo é com receio de que a decadência não seja afinal tão
romântica quanto a quer o meu niilismo...
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