Tenho cérebro de esquilo.
Fato.
É o que sempre digo a mim mesmo
quando tenho uma opinião desfavorável a meu respeito e como isso é quase uma
constante, admira-me o fato de eu não ter ainda me mudado para um desses
parques de BH e ido fazer parte de uma comunidade de caxinguelês.
Injustiça minha, é claro. Estou
sendo duro demais nesse juízo de valor.
Esquilos são criaturas espertas e
agradáveis, o que é mais do que posso dizer a meu respeito. Na verdade, devo
ter é um cérebro de avelã (se é que tenho cérebro) e por associação, acabei difamando a honrada raça dos
esquilos.
Mostre-me uma pessoa com elevada autoestima e eu te mostrarei alguém com baixíssima autocrítica (e consequentemente, uma pessoa
feliz, tal como as pessoas em geral compreendem a quimera da felicidade)
Tenho um retardo patológico para
coisas importantes. Constatação triste e que, como de costume, chega- me
tardiamente.
Estou dando informações que não
interessam a ninguém, mas a exceção do meu metabolismo, tudo em mim funciona
com uma lentidão que parece que vejo e levo a vida em tedioso slow-motion. Mas,
criatura de extremos que sou, quando engreno uma marcha, adquiro uma
compreensão supersônica do que até um
segundo atrás ignorava completamente. Não é uma coisa vantajosa e muito menos um
processo indolor.
Então o meu “descofiômetro”,
aparelho subjetivo de existência duvidosa, resolveu finalmente funcionar e
agora está próximo a velocidade da luz.
Pegou no tranco e para tanto,
precisei de uma ladeira onírica e me recuso a pensar que sempre necessitarei de
recursos metapsicológicos para inferir coisas que deviam vir de ponderação e
raciocínio. Mas que posso esperar do meu diminuto cérebro de avelã?
Meu Deus!
Como também tenho queda para exageros
e melodrama, penso em Édipo arrancando os olhos quando descobre que matou o pai
e casou com a mãe, mas é apenas uma outra associação inadequada. Sou um sujeito
de extremos, mas nem tanto.
Mas tragédia é tragédia e não sei de condição mais trágica
do que a do barril consciente de que está cheio de pólvora e que o pavio está
aceso e se aproximando perigosamente.
Então, não é exatamente por não saber dançar, mas por não
poder ignorar que o chão é de gelo fino, que me agarro apavorado nesses lapsos
de consciência de onde olho para mim mesmo com certo desprezo. Seria bem mais
digno e menos cansativo simplesmente deixar-me cair. Duvido que a queda doa tanto quanto o medo da queda...
A consciência de certas coisas é constrangedora, mais ou menos como entrar
nu numa sala cheia de tias anciãs e carolas. E pior, ficar lembrando-se desse fato o
tempo todo.
Putz! Parafraseando Mafalda: “Justo a mim me coube ser eu”.
É o meu dia de Hardy, a hiena...
"Oh, dia, oh vida...."
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