Recupere a sua compreensão e conexão com o absurdo. Que há
com você? Se ignorar o vazio voraz que
te devora, que te consome pouco a pouco, disfarçando a sua indiferença com
ideologias que te abandonam como uma amante infiel, que vai colocar em seu
lugar? O que vai usar para tapar o abismo, que não seja uma panela de retórica
positivista, frívola e irreal? Por acaso a irrealidade não é uma versão
enganadora do nada? Uma camada de gelo fino disfarçada de chão a sustentar os
pés alegres de homens inconscientes a dançar? (lembre-se da lição de Atreyu: O
nada não pode ser destruído. Deve ser preenchido). Preencha o nada com o seu
Eu. Deixe-se ser um indivíduo íntegro, não no sentido da moralidade, mas da inteireza,
da coesão. O Nada não é o inimigo. O seu
medo dele é que é. Derrote o medo, abrace o nada. Nele, há muito mais espaço
para ser Você. O nada é real. As verdades são pura abstração.
Então Carl Gustav Jung estava certo nisso: “Quem olha para
fora, sonha; quem olha para dentro, desperta”. (até porque, é quase
impossível alguém estar errado em tudo, e eu implico com Jung por causa da
minha lealdade canina ao velho Sig e da minha alergia ao misticismo, que Jung
abraçou)
Eh, Bien, sou eu novamente.
Lembrei-me de uma cena de um dos melhores filmes a que
assisti no ano passado; Cisne Negro. Quase no finzinho do filme, Natalie
Portman tem o corpo coberto de penas negras (é o tal cisne negro dando as
caras) e sorriu de satisfação. Curiosamente, salvo engano, é a única cena do
filme em que ela sorri, o que me faz pensar se a miséria da vida dela não era o
seu Cisne Branco. Voltar para dentro de mim mesmo, a sensação foi
parecida. Com a diferença que eu sempre tive “plumas negras” e meus problemas
começam quando cismo, sei lá por que, que tenho de ser colorido como uma droga
de Arara.
Todo mundo precisa ficar um pouco só, para reaprender a
respirar com seus próprios pulmões (é a primeira coisa que a gente aprende na
vida, mas a própria vida comunal acaba por nos fazer esquecer, daí sufocamos na
multidão). Apenas um pouco de solitude, coisa que as circunstâncias ( e em
certa medida, nossa própria covardia)
não nos têm permitido é necessário para lembrarmos. (Um pouquinho de tempo e duas ou três musicas de Himogen Heap pode
surtir um efeito similar ao que uma bolsa de sangue teria para um hemorrágico).
Estar dentro da própria pele é bastante atormentador, mas é um tormento
confortável e familiar, porque é o Seu tormento, e não as agruras alheias que as
pessoas teimam em colocar sobre ombros outrem.
Preciso sempre me lembrar de que se existe ressaca moral,
também existe embriagues moral, e esse é o tipo de porre de que qualquer um
deve se envergonhar. Ficar embriagado de ideologias ou da inconsciência de si é
o pior tipo de carraspana que alguém pode tomar.
Sem direito a um antiácido psicológico.
Precisava ler um texto firme assim .
ResponderExcluirParabéns !!
Excelentes textos como sempre .
Beijos na sua Alma