Saibam ainda meus
tiranos, que não estou disposta a vestir
Ano após ano a
tunica do desespero sombrío e desolado;
Um mensageiro de
Esperança vem a mim cada noite,
E ele oferece uma curta
vida mas plena liberdade.
Vem com os ventos
do oeste, com os ares errantes do anoitecer,
Com esse claro
crepúsculo de ceu que traz as estrelas mais densas:
Os ventos
tomam um tom absorto, e estrelas um brilho suave,
E sobem, e mudam, visões
que me matam de desejos.
Desejo de nada saber
nos meus anos mais maduros,
Quando o gozo
enlouquecia com sobressalto, contando as futuras mágoas:
Quando, estando o
ceu do meu espírito cheio de amparos calorosos,
Eu não sabia de
onde eles vinham, se do sol ou se da noite trevosa.
Mas primeiro, um
silêncio de paz —uma calma sem som desce;
O forçar da
angústia e a impaciencia feroz silenciam.
Uma música
muda acalma meu peito—A harmonia é indescritível
E eu nunca poderia
sonhar, até que a Terra se perdesse para mim.
Então amanhece e o
Invisível, o Oculto revela sua verdade;
Meu senso externo
foi-se, minha essência evola;
Estende suas asas
—seu caminho se abre, encontra seu porto,
Mede o abismo,
inclina-se, e ousa dar o salto final.
Oh, terrível é a
prova —intensa a agonia,
Quando a orelha
começa a ouvir, e o olho começa a ver;
Quando o pulso
começa a palpitar —o cerebro a pensar outra vez,
A alma a sentir a
carne, e a carne a sentir a cadeia.
Contudo eu desejo essa perda, mas não a menor tortura;
Quanto mais a
angústia atormenta, mais cedo serei livre;
E inflamada com os
fogos do inferno, ou brilhante com luz
celestial,
Ainda que coberto
com o manto da morte, a visão final da vida é divina.