Desperto.
Emoldura o teu rosto pálido
Lua clara láctea, enamorada...
Contrasta com o cinza pétreo, a selva de concreto,
A chama rubra dos teus cabelos, ondula...
No vermelho enxameado mil devaneios lepidópteros
Em peixinhos e larvas esvoaçam como sonhos...
Sei agora para onde todos os meus convergiam.
Você contou algumas histórias e elas se encravaram nas paredes
Ficaram marcadas como musgo antigo, como pichação nova.
Deram testemunho da fecundidade da tua alma poética, insana.
Teria se pintado com tantas cores, passarinho perdido
Que não mais se reconhecendo perdeu-se de si?
Caminha na vida enquanto eu por vezes me arrasto.
Às vezes salto, às vezes corro, mas estou sempre um passo atrás
E meus dedos como nunca e sempre agarram o vazio
Onde há apenas um minuto sua forma linda preenchia o ar.
Devia chorar, mas não me parece importante e nem apropriado...
Quando um poeta chora, algum sonho morre e eu já matei sonhos em demasia esta semana.
Devo alegrar-me, pois este lugar ainda guarda o teu cheiro e teu calor.
As cinzas do teu cigarro ainda ardem no cinzeiro e você saiu há um século
Há um minuto atrás.
Se eu saísse na rua é possível que te visse alçar vôo numa esquina qualquer
E voando para longe, eu teria de chorar novamente, mas quero que meus sonhos vivam um pouco mais.
Pássaro pintado com cores do mundo...
Talvez um emprego decente, uma vida confortável, filhos...
Talvez um tailleur charmoso a esconder as tatuagens e dores,
Talvez a gaiola que tanto temia...
Tremia.
Espero que não.
Espero que em vôos mais altos em asas novas,
Não se esqueças das cores antigas porque ainda luzem e atraem como um farol,
Como a chama da vela atrai as moscas.
É bom te rever sem nunca ter te conhecido, Delírico.
Olá Sahge !!
ResponderExcluirNão sabe a minha alegria de lhe "ver" e ter-te novamente como amigo literário !!
Parabenizo pelo belo blog!
Ahh o delírio é sempre inspirador, não? rs
Adorei seus versos!!
Beijos na sua Alma
Ps: senti falta de ler seus textos...