O que há de real e verdadeiro,
há, de real e de verdadeiro,
Ainda que fora da minha percepção.
Filosofando versos para a escuridão sem rima,
Me esquivo dos cumprimentos polidos de toda a gente de alma pálida, que me quer banal e citadino.
(Se ao menos um visse que na escuridão dos meus olhos ardem estrelas…)
Naquelas horas de êxtase místico, contando as batidas do meu coração em descompasso ou
desenhando a rota dos pássaros em voo, eu resisto.
Existindo no esforço de existir.
Relativizando o nada.
O mesmo nada, tão vasto e tão amplo quanto o tudo.
O tudo que há, de real e de verdadeiro.
É a musa intangível, que meus devaneios querem humana, para calar as necessidades de literatura.
É Deus inexistindo ou existindo como coisa que não compreendo,
(como não o compreendem os que o pregam em latim ou o apregoam como coisa que se venda)
Pairando como mistério inescrutável acima das minhas orações sem fé,
Mas reais e verdadeiras.
Os meus medos, esses são imaginados e por isso mesmo, ainda mais terríveis.
E eles doem, como a culpa daquele que quis pecar e não pecou e sofre com a certeza
de que lhe bastou esse querer para o condenar,
mas sofre ainda mais pela delícia não vivida do pecado desejado mas não cometido.
E, talvez um pecado cometido,
Seja mais real e verdadeiro do que uma virtude que não nasceu e ficou só na intenção de ser nobre.
Arte: Alexander Ant, via Pexels
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