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terça-feira, 23 de agosto de 2016

Da impossível vida


Viver... é uma tarefa difícil...
Eu digo isso para o nada e para ninguém porque no fundo penso que talvez eu queria convencer a mim mesmo ou descobrir alguma verdade libertadora quando digito ao acaso o que me ferve...

Essa blogosfera as vezes se parece em muito com um cemitério ou um livro antigo onde alguém grafou uma frase qualquer e você o lê e fica meio paralisado pelo suposto do que e de quem foi a pessoa que escreveu aquilo e que já então sumiu nessa fluidez dolorosa do mundo virtual.

Diabo, tudo flui afinal...!

As vezes as pessoas simplesmente somem na vida e as vezes elas somem da vida e é sempre perturbador ficar imaginando o que se deu neste ou naquele caso.

Estou tergiversando...
É só que anda me incomodando demasiado a insinceridade com que tenho vivido, fingindo sentimentos e pensamentos unicamente para que não sofram as pessoas a quem amo.

Como seria sublime não ser chicoteado pelas lágrimas dos outros.

Eu ando por BH invejando conscientemente a inconsciência desses fantasmas humanos, gente que se acotovela nas filas de ônibus a caminho de casa e das novelas e futebol e mundanices nas quais fingem viver.

Tal qual Fernando Pessoa, eu invejo qualquer um que não seja eu.
Eu invejo as cordas invisíveis (ao menos para eles) presas às mãos do titereiro que os tange qual gado e invejo de um modo muito doloroso a irresponsabilidade alegre com que aparentemente vivem.

Porque eu tenho também cordas, mas não me foi concedido ignorá-las nem por um instante e não me foi concedido a capacidade de render-me a elas e eu luto uma luta perdida, para me livrar dessa cortante dor de viver.

"Ha barcos para muitos portos, mas nenhum para a vida não doer".
Talvez seja o cinza lá fora, no céu escuro dessa manhã nublada ou talvez sejam as cinzas dentro de mim, restos da cremação da minha juventude...

Mas estou me lembrando (novamente) do porquê escrevo neste lugar: pelo descompromisso com a estética e com a preocupação daqueles que pensam e mentem para si mesmos.
Eu quero ser genuíno, nem que seja para dançar na escuridão.

Viver é uma tarefa impossível, ao menos para quem ama.
E por hoje essa é toda a verdade que encontro por debaixo do céu escuro dessa BH...
E se soo pessimista, não ligo em absoluto que o pensem.
Se eu tivesse digitado pensamentos felizes e mentirosos, minha vida não seria mais genuína.

O que estou fazendo, é tecendo uma teia para tentar resgatar fragmentos meus soltos no vento.
E entoando uma ode ao que eu sou e ao que eu poderia ser se não estivesse tão subjugado de amor pelos outros...

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