O que paralisa e por vezes cala a minha grande necessidade de dizer algo
não é a falta de tema ou uma inspiração escassa.
Dá-se o oposto, e quase sempre, me vem um vagalhão de
pensamentos em manada, num fluxo enlouquecido em via expressa mental, tendo
como meio de manifestação no mundo o fino gargalo dos meus dedos neste teclado.
Talvez me faltem as ferramentas apropriadas, como por vezes
me falta a compreensão necessária...
É só, que se eu tivesse cinzel e mármore ou pincel e tinta e
tela, talvez me fosse possível fazer o impossível e desenhar em pedra ou em
tela o indefínivel.
Não é muito comum encontrar o impossível dentro da
possibilidade e caso ocorra, quem detem os meios de registrar, como quer que
seja, isso, essa sensação de impossível que exige ter forma além do conteúdo?
Eu não tenho cinzel, tinta ou pincel e também não sei
cantar, dançar ou emprestar a esse mundo qualquer forma de beleza que não sejam
palavras. Pelo menos era o que eu pensava, mas agora as palavras me traem e me
faltam, quando delas preciso.
Mas existem... Momentos, fragmentos de impossível, de
eternidade, momentos nos quais somos acometidos pelo desejo de neles existirmos
para sempre, sem passado, sem futuro, sem desejo ou anseio do que seja ou
esteja além daquele momento de nirvana em que somos e temos tudo...
Isso é o indefinível acima do qualquer forma de arte possa
expressar...