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quarta-feira, 11 de julho de 2018

Geladas são as noites no País da Morte


 

Ando ha semanas encorujado (como se diz aqui em Minas), por causa do frio.  Mesmo sendo Ateu e descendente na maior parte de africanos e ameríndios, acho que Deus provavelmente vai me reservar uma vaga no inferno nórdico e eu sofrerei entre escandinavos as agruras de um tormento gelado...

Terei, pois, de subornar o Diabo e passar férias nas "quebradas" dele para conseguir relaxar em um confortável ofurô de óleo fervente!

Ahahahahaha!
....

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Inverno é uma época odiosa para mim. Sinto vontade unicamente de dormir, dormir e dormir até que o sol e a chuva voltem para o mundo.

Ontem eu vi pela TV, umas pessoas que saíram de Minas para ir ver um simulacro de neve em uma serra da região Sul.
Cada qual com seu prazer, é claro, mas tem gente que é absurdamente louca!

... 

Gostaria de me mudar para um país (talvez da Ásia) onde fosse quente e chovesse a maior parte do ano e onde inverno fosse coisa que só se vê pela televisão em Especiais de Natal estrangeiro.

 Mas não existe país assim e mesmo se existisse, sei que provavelmente nunca colocaria os pés nele, quanto mais ir morar em uma terra estranha. 

Já me basta ser estrangeiro na minha própria terra e aqui ao menos a língua eu entendo fácil e a comida é suportável. 

Mas estou encolhido, quase desaparecido por entre edredons a noite e  dentro de mim mesmo de dia.
Gostaria de poder tirar férias sazonais e hibernar decentemente. 

Como não posso, emerjo por umas horas para trabalhar e cumprir compromissos.

Deus, como eu odeio o frio! 

Já era um estado e não uma condição da minha natureza, mas no inverno, cada vez mais me sinto e me porto diferentemente de Albert Camus: tão profundo, tão presente em mim e tão alheio do mundo.
  
Coroada de névoas, surge a aurora 

Por detrás das montanhas do oriente; 

Vê-se um resto de sono e de preguiça, 

Nos olhos da fantástica indolente. 



Névoas enchem de um lado e de outro os morros 
Tristes como sinceras sepulturas, 
Essas que têm por simples ornamento 
Puras capelas, lágrimas mais puras. 

A custo rompe o sol; a custo invade 
O espaço todo branco; e a luz brilhante 
Fulge através do espesso nevoeiro, 
Como através de um véu fulge o diamante. 

Machado de Assis




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