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segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Da Anatomia Da Ordem e do Caos

E o caos, contraditoriamente, está na ordem do dia.

Acho que aquela parte metafísica do homem que costumeiramente chamamos de “coração” é o mais vigoroso agente e também morada do caos em nós.  

Por outro lado, se existe um órgão humano que está ligado à ordem das coisas, esse é o estômago. Porque é o estômago a doer quando as coisas estão caóticas, um formigamento próximo ao diafragma que pede desesperadamente para que as coisas se aquietem de alguma forma.

Elas tendem a aquietar-se, porque a diferença entre o homem e o universo que o cerca (e também o que nos torna singulares), é que o homem tende ao caos, mas o universo tende a ordenar-se e a aquietar-se, daí o homem ser, para prejuízo seu, um ser rebelde por natureza, contra a regularidade das coisas. Nós só existimos porque "balançamos o barco". Dói como o inferno, mas é a nossa natureza ser contrários a natureza.

Tudo se aquietará, mas nada será como antes. E a mudança traz medo, que é o sentimento básico por detrás do desejo por ordem.

Há hora para tudo. Essa é talvez uma hora de escuridão e de tempestade. Uma hora de incertezas e de tempo fluido. A impressão doida e doída de que o furacão talvez esteja ainda no olho e sei-lá-o-que nos espreita a espera de mais um poderoso e doloroso golpe.

Por dentro do emaranhado de neurônios e hormônios, demônios dançam na confusão de um monte de sentidos e o mundo interno está de ponta-cabeça invertida e ao contrário.

Mas lá fora, o sol ainda brilha, o vento balança nas árvores, a bolsa de valores oscila, “os homens fazem guerra e Mona Lisa continua sorrindo”.

É estranho...
Mas o caos está só nas entranhas do homem.

Diagnose

Multiplicamos doenças por prazer,
Inventamos uma necessidade horrível, uma dúvida vergonhosa,
Regalamo-nos na licenciosidade, nutrimo-nos da noite,
Criamos balbúrdia no íntimo – e não saímos.
Por que sairíamos? 

Despojado de sutis complicações,

Quem poderia encarar o Sol senão com temor?
Este é o nosso refúgio contra a contemplação,
Nosso único refúgio contra o simples e o claro.

Quem irá sair rastejando de sob o escuro
Para ficar indefeso no ar ensolarado?
Não há terror da obliqüidade tão certo
Quanto o mais notável terror da desesperança
De saber como é simples a nossa mais profunda necessidade,
Como é intensa, e como é impossível satisfazê-la.


Marcia Lee Anderson


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Raciologicando ao quadrado

Tinha sonhos aos cacos,
Pela ladeira ingrime por onde o bom senso escorria junto com pensamentos...
A natureza de um homem o trai tanto quanto mais ele luta contra ela.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

sábado, 14 de setembro de 2013

Ainda sobre a Rua da Bahia


...E foi nos perigosos cantos escuros da Rua da Bahia, cintilados pelas sombras da noite e povoados por almas perdidas, que em noite escura tive uma iluminação: 

A vida e a morte dançam juntas, e a primeira dança ainda mais belamente quando na presença da segunda;

A percepção disso certamente mexeu e retorceu os meus sistemas nervoso, sanguíneo, filosófico, poético e outros tantos sistemas para os quais ainda não há nome. 
Certas coisas não têm mesmo de ter nome.

Fui para casa meio a dançar, no gozo dessa perfeição anônima.

Eu sou um meio-meta-pseudo-qualquer-coisa-de-poesia.
E se não tenho uma definição para mim mesmo, como posso significar o que é indefinível?

Há sensações que a palavra não alcança e se alcançar, mataria a sensação pela frieza de uma palavra que se pretende calorosa.

Afinal, ha mais do que poeira e cansaço correndo pelas minhas veias.
É outra percepção que me deixa atordoado.

Há, nos hiatos abismais da minha memória, o que a poesia não é forte o bastante e nem profunda o suficiente para dar forma.
...
É só e apenas que certas coisas são perfeitas... 
E têm uma perfeição que lhe é própria, fugindo a qualquer nomenclatura.
Eu sinto...

E o resto é poeira...
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