Desde
que comecei a "escrevinhar" aqui, em idos 2011, forjei no
meu entusiasmo 356 postagens(boa parte deletada em meio a ondas tolas
de constrangimento), a maioria coisa minha, digitada no afã de ser
relevante.
Pra
não falar de outras coisas postadas em blogues deletados e em outros
lugares por onde “pisei”
Mas
por quanto tempo pode uma pessoa iludir-se a respeito da própria
grandeza ou mesquinhez?
Olhando
em retrospecto, meus motivos para escrever nunca foram puros..
Ora
queria impressionar certa garota (que em minha imaturidade
trintenária pré-"quarentária" eu imaginava que sorvia em
secreto todas as minhas letras e, diabos me levem, talvez nem fosse
uma garota de verdade! Mundo liquido da net e seus descaminhos...),
ora queria escrever e me colocar em condições de me comparar
a meus escritores favoritos ou então tentava convencer a mim mesmo
de algo.
Algumas vezes estava só com raiva ou melancólico...
De
toda forma, quem é que pode afirmar para si mesmo que escreve com
honestidade pura?
Toda
essa minha glossolalia era um fútil exercício de afirmação de uma
existência, e isso me parece agora tão desimportante que sinto uma
pontada de desdém por mim mesmo, pois ao digitar isso agora, muito
provavelmente estou me justificando e ainda no esforço inútil de
existir para além da minha realidade individual.
Tem
umas coisas que me deixam curioso... Quando checo as estatísticas, a
a maior parte do trafego para meu blog vem de sites pornográficos.
Não sei o motivo, mas se ao menos eu pudesse imaginar que meus
devaneios deixam alguém com tesão, já teria valido cada teclada!
Ahahahahahah!
Eu
não sei se alguém ainda lê alguma coisa.
E
mesmo que haja, nada tenho de relevante a acrescentar a essa
superprodução de verdades fugazes.
Já
estou com 45 anos e, Deus, daqui a pouco eu morro e não curei o
câncer salvando milhares e tampouco joguei lixo nuclear na
Praça 7 tornando BH inabitável por 1000000000000 anos e ainda penso que é terrível
ser só mais um a pegar uma senha e aguardar na fila a minha vez
de ser coisa alguma.
Ter
todos os sonhos do mundo dentro de si não nos faz necessariamente
deixar de ser o nada querendo ser alguma coisa.
Muito
menos ser melodramático..
Devaneios...
É
um ato de gentileza de minha parte não acrescentar mais nenhuma
irrelevância ao muito que já existe por ai.
São
poucos os que leem agora.
Com
raras exceções (Gaiman é uma dessas), tampouco ando lendo o que se
produz por ai (ainda aguardo a conclusão de Guerra dos Tronos que o
filho da puta do Martin teima em deixar na gaveta!). Ja estou cansado
de reler os livros que já li sei lá quantas vezes e quando leio
algo na net, me apaixono mais pela pessoa que escreveu do que pelo
que foi escrito (por que o que foi escrito já o foi antes, por
muitos outros e me encanta ainda haver Quixotes a bater moinhos).
Não
sei para que tipo de mundo caminhamos sem letras...Sem leituras...Sem
livros...
Mas
quer saber?
Que
diferença faz?
O mundo acaba quando a gente morre, não é?
Ok, não jogo lixo no chão e evito como posso sacanear o planeta, mas no fim, mesmo que eu jogasse lixo na rua todos os dias, o planeta vai se recuperar de qualquer estrago que eu, individualmente, fizer assim como vai ser irrelevante qualquer coisa positiva que eu também faça.
Dentro
do pouco que eu entendi ser a minha habilidade, tentei fazer algo
(por motivos egoístas, já deixei claro, mas comparações
inadequadas a parte, vai checar porque é que o Carrol escreveu Alice
no País das Maravilhas...), tentei registrar nem que fosse o meu
espanto por estar espantado...
Mas
agora...
Pensei
em sair de fininho.
Mas
gente vaidosa nunca consegue o fazer, pois teme intimamente que se o
fizer, ninguém notará.
Passei
os últimos minutos rascunhando estes versos abaixo:
"A
estrada é longa e devo toma la sozinho
A
senda das sombras, A Jornada solitária...
A
porta abre e a noite sopra promessas
De
caminhos desimpedidos de chuva,
De
estradas não lameadas
De
dunas infinitas sob o açoite do vento e de praias vazias...
A
estrada é longa e devo tomá-la sozinho
Atrás
de mim o canto e os risos sobem com a fumaça das chaminés,
E
eu não ouso me virar
Os
corpos junto ao fogo e o aconchego camarada.
Os
convivas da festa se alegram e ignoram a noite por detrás da
segurança das paredes frágeis.
O
estrada é longa e devo tomá la sozinho..."
"Caminhos
desimpedidos de chuva..."
Ta
bom...
Coisa
piegas e melodramática!
Bem
o que eu imaginava que ia me tornar, perto do inicio da minha
decrepitude.
Em
2008, quando comecei a me enredar pelos bits e bytes da net, travei
conhecimento com uma amiga com quem não falo ha muitos
anos...(Nossa, me deu um aperto de saudade e uma onda de autoraiva
por minha estupidez covarde..)
Espero
que o Rio Grande esteja tão grande quanto está ao Sul, Fada da
Montanha Enluarada...
Ela
me presenteou, logo que começamos a conversar com estes versos
abaixo, os quais, segundo ela, faziam-na pensar em mim:
"vou
pegar um vôo
antes que seja tarde demais
eu vou, não
volto
nem por céu, nem no cais
vou até os astros
antes
que entardeça horizonte
eu vou, sem rastro
bem de fronte, bem
na fonte
vou sem hora, sem demora
aventurar em outros
ares
que aqui não mais posso ficar
no ansiar por novos
mares
vou sem rota, sem derrota
procurar outra parte
de mim
que não sei onde perdi
no começo ou perto do
fim"
(Cris de Souza & Cáh Morandi)
Agora,
ainda que não possa mais ter ilusões a meu respeito, me digam se
não tive bons motivos como meios de justificar minha vaidade?
De
todo modo, isso foi em 2008 e embora a proximidade de meu horizonte
de eventos particular tenha me dado mais serenidade/senilidade.
a ânsia por novos ares permanece uma constante e eu acho
uma pena deixar esse espaço depois de todos esses anos, mas...
…
Bem,
digamos que não se deve colocar um ponto final onde bem cabem
reticencias...
Mas
por enquanto, “vou até os astros”