...E foi nos perigosos cantos escuros da Rua da Bahia, cintilados
pelas sombras da noite e povoados por almas perdidas, que em noite escura tive
uma iluminação:
A vida e a morte dançam juntas, e a primeira dança ainda mais
belamente quando na presença da segunda;
A percepção disso certamente mexeu e retorceu os meus sistemas
nervoso, sanguíneo, filosófico, poético e outros tantos sistemas para os quais
ainda não há nome.
Certas coisas não têm mesmo de ter nome.
Fui para casa meio a dançar, no gozo dessa perfeição anônima.
Eu sou um meio-meta-pseudo-qualquer-coisa-de-poesia.
E se não tenho uma definição para mim mesmo, como posso significar
o que é indefinível?
Há sensações que a palavra não alcança e se alcançar, mataria
a sensação pela frieza de uma palavra que se pretende calorosa.
Afinal, ha mais do que poeira e cansaço correndo pelas
minhas veias.
É outra percepção que me deixa atordoado.
Há, nos hiatos abismais da minha memória, o que a poesia
não é forte o bastante e nem profunda o suficiente para dar forma.
...
É só e apenas que certas coisas são perfeitas...
E têm
uma perfeição que lhe é própria, fugindo a qualquer nomenclatura.
Eu sinto...
E o resto é poeira...