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sexta-feira, 27 de maio de 2011

Sobre uma frase em que esbarrei numa viela de BH


Erros de interpretação podem ser um desastre. Postei uma frase um tempo (salvo engano, em outro blog) atrás que dizia que “viver cautelosamente pode ser perigoso”. É uma ótima frase, pichada numa viela perto de um viaduto por onde passo todos os dias a caminho de casa. Não é difícil imaginar o que passava na cabeça do sujeito que a pichou. Gosto daquele lugar. É um local semi-abandonado pela prefeitura, onde artistas de rua e outros "subversivos" fazem suas intervenções como grafites, shows de rock debaixo do viaduto, distribuição de abraços,  manifestaçoes políticas e afins. Como é um local onde os moradores de rua costumam dormir, de vez em quando membros de uma igreja distribuem sopa e orações, tentando salvar a alma enquanto também cuidam também do corpo. Eu poderia arrazoar friamente que se trata de mais uma tentativa de arrebanhar alguns “cristãos de arroz”, mas isso seria conversa de alguém que contribui muito pouco para salvar corpo ou alma daquela massa de deserdados a margem da sociedade.

Enfim...

Voltando a frase, sempre que penso nela percebo o quanto sou medroso em relação a coisas nas quais eu deveria mesmo arriscar e me conforta o pensamento, talvez errôneo, de que a  maioria das pessoas se comporta do mesmo modo. Viver é risco, e sem risco, sem vida. O grande problema, é que algumas em coisas se pode arriscar porque  algumas perdas são facilmente reparáveis. Vem fácil, vai fácil. Simples assim. Mas naquelas situações onde o que está em jogo é-nos muito caro, a hesitação é uma constante e podemos perder o que tentamos manter justamente pela hesitação. É o inferno decidir o que fazer em seguida para não quebrar um vinculo, não desperdiçar uma chance, não falar a coisa errada e por ai vai. Isso é cautela.
Situação análoga a de um ornitólogo que a vida inteira procurou por um pássaro tão raro quanto esquivo e no dia em que finalmente o encontra, fica tão ansioso por fotografá-lo, que acaba espantando-o para longe antes de poder fazê-lo. Nesse caso é a precipitação que leva embora o que é preciso, mas não sei por que, eu acho preferível errar por excesso do que por falta de ação.

Estou divagando...A verdade é que hoje estou disposto a evitar o perigo de uma vida cautelosa. Mandei ao diabo toda a prudência e me sinto feliz sem sequer saber se tenho o direito a tal felicidade. Possivelmente, amanhã descubro que me precipitei, que cometi um erro de julgamento, mas isso é amanhã e TALVEZ . 
Hoje, roubo um pouquinho de alegria desse universo maluco porque o amanhã...Bem, o "amanhã trará suas próprias ansiedades" e haveremos de ver o que a maré trará ou levará para o oceanos da vida...
Nas palavras de Lou Salomé, Senhores;

Ouse, ouse... ouse tudo!!! Não tenha necessidade de nada! Não tente adequar sua vida a modelos, nem queira você mesmo ser um modelo para ninguém. Acredite: a vida lhe dará poucos presentes.

Se você quer uma vida, aprenda... a roubá-la! Ouse, ouse tudo! Seja na vida o que você é, aconteça o que acontecer. Não defenda nenhum princípio, mas algo de bem mais maravilhoso: algo que está em nós e que queima como o fogo da vida!!!

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