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sexta-feira, 29 de abril de 2011

Balão Solto


Sonhe, porque é bom sonhar e em algumas noites Morpheus não cobra prendas.
Alargue o reino de sua imaginação e colha corações em ramalhete num campo cultivado de batatas...
Enfeite seus olhos com estrelas e coroe a sua cabeça com uma nebulosa, porque é vasta a alma que sonha, maior do que o poder dos deuses...

Sente-se nas nuvens e agite os pés sobre o vácuo. De lá, lance pedrinhas na superfície calma do lago do mundo quando dorme. Podem ser fugidios os sonhos felizes de tempos verdes. Podem ser intensos os pesadelos de noites abafadas. Suas pedrinhas hão de agitar meus devaneios noturnos em ondas suaves, em espirais do centro a margem...

Se estiver caminhando pelo ar, caso encontre Deus, diga a Ele ou a Ela, que eu não sei rezar e tampouco sou um tipo virtuoso, mas esforço-me para viver sem muitos arrependimentos. Acho que algumas vezes consigo.
E sou acordado pela quarta vez esta noite pelo pulsar de uma cidade que não dorme. Uma sirene berra em algum lugar e uma criança faz coro com seu choro. Cachorros vadios  entoam cânticos perdidos em alguma esquina e alguém esqueceu o rádio ligado.

 Há modos vários de enlouquecer ou se iluminar.
Alguns poderiam até mesmo romper a corrente que me ancora ao planeta.
Livre deste lastro, eu cairia para cima e perder-me-ia acima da ionosfera. Solto da minha forma flutuante, ele poderia cair na imensidão do céu. 
Seria espetáculo dos mais singulares; seis bilhões e uma alma gritando enquanto caem no céu em direções opostas.

Era assim que eu queria ser: 
Não tão firme, não tão certo do que não sei, nem tão fluido, moldando-me àquilo que não me contém , mas rarefeito, gasoso..Livre o bastante, para escapulir por entre as pequenas brechas do mundo...
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