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segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Minha Dialética Tardia...




"A luta entre o velho e o novo, entre o que morre e o que nasce, entre o que é perene e o que evolui...
A luta dos contrários é,pois, o motor de toda a mudança."

Eu pensei que queimaria a mim mesmo na fogueira das minhas vaidades. Nunca soube de lenha mais adequada.

Isso seria um desejo mais realizável do que meu antigo anseio de ser uma lanterna para o mundo. Ou talvez apenas me tenha escapado o fato de que são desejos sinonimizados.

Mas, oh, clichês a parte, a chama ardeu alto, mas por tão pouco tempo que nem chegou a iluminar a mim mesmo ou a noite escura a minha volta. E eu cai de tão alto que já nem havia ossos na casca frágil que se rompeu de encontro as rochas..

De que é que poderia me envaidecer, eu, com a consciência aguda das minhas limitações físicas e metafisicas, estéticas e éticas, morais e acadêmicas e de outras ordens e desordens?

Eu olho para trás e vejo com antipatia e compaixão o garoto que fui há tão perdidos anos e para um pouco a frente, com temor do julgamento do velho que serei.

Paradoxalmente, sou ainda aquele garoto com ideias tão revolucionárias quanto efêmeras e também já aquele ancião repleto de cansaço e nostalgia que está há alguns outonos a frente, no horizonte do meu destino.

Há coisas inconfessáveis, que perturbam o suposto da minha maturidade, em numero similar aos constrangimentos antigos da minha meninice.

O entusiasmo sufocante por coisas que eu julgava tão apagadas em mim como a chama da minha vaidade fenecida me inquieta e tenho de me mexer.

De repente me brotam versos e trovas vindas de algum lugar, inspirada por estrelas em ascensão, quando minha alma já caiu no escuro de algum canto onde o mofo e bolor tirou-lhe o brilho..

Ah, melodrama do diabo!
Me sinto antigo e apaixonado por coisas novas, um dinossauro procurando sua versão .2 em smartphones...
Me sinto ridículo, com uns impulsos que brigam com meu desejo de imobilidade e sou ultrapassado até pela minha letargia.

Um corvo errante berra seu “Never more” e eu passo as horas tentando escrever e dar sentido à sujeira que seu pouso deixou no encosto da minha cadeira e na minha consciência...

Me releio em coisas esquecidas e lembradas, umas com ternura, outras com embaraço e rio de mim mesmo, em gargalhadas sufocadas pelo pensamento de que em alguns anos provavelmente estarei rindo deste Sahge/2017...


Talvez eu esteja mesmo é com receio de que a decadência não seja afinal tão romântica quanto a quer o meu niilismo...

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