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quarta-feira, 13 de março de 2013

Meu momento Dom Quixote




Havia me esquecido de como eu ria cada vez que lia sobre como Dom Quixote se estrepava todo ao se chocar contra as pás dos moinhos, contra as quais ele se batia valentemente ao ver nelas a figura de gigantes. Foi um esquecimento proposital, porque minha visão de mim mesmo estava envolvida na questão. Que tipo de pessoa se diverte com o sofrimento alheio? Ainda mais quando esse sofrimento era advindo de um ato de equivocada coragem e elevada nobreza de espírito...

Por outro lado, mesmo naquela época,  eu lutava contra os meus próprios  moinhos, sem o recurso da loucura de Dom Quixote para me convencer que pelejava contra gigantes. Não...Eu sabia bem lá no fundo, que eram moinhos e me sentia estúpido por não conseguir fingir que eram gigantes ou mesmo por não conseguir deixar de lutar contra eles mesmo sabendo.  

Era um tempo estranho, quando havia muitos ideais e poucas ideias, época em que eu erguia símbolos e bandeiras, seguia este e aquele líder, me pautava por um excesso de “ismos” e vontades de mudar um mundo que eu nem mesmo compreendia.

Qualquer um que tenha certeza do que quer que seja para fora do círculo do seu eu, mente maravilhosamente bem para si mesmo. Tem então uma verdade particular e o universo todo é um brinquedo lindo, uma pedra de afiar a arrogância.

Temos verdades demais no mundo e ele está indo ladeira abaixo, então talvez seja o caso de fazermos uma sutil apologia de um modo mais complicado de criarmos à imagem e semelhança de nossas dúvidas.

Quer ajudar a humanidade? Não tema gigantes disfarçados de moinhos.

Redistribua metafísica. Talvez o grande problema do mundo seja a metafísica.
É o grande mal da humanidade a sua concentração em tão poucas mãos.Uma iniqüidade o excesso dela numa minoria silenciosa e a total ausência numa maioria barulhenta, que faz tanto ruído que já não escuta a própria voz.





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